Mundo das palavras
Há 15 anos, o projeto ‘Palavras Andantes’ vem protagonizando uma nova forma de incentivo à leitura nas escolas municipais, os resultados são surpreendentes
Desenvolvido em 87 escolas municipais de ensino fundamental da zona urbana e rural e em oito Cmeis de Londrina, o projeto Bibliotecas Escolares “Palavras Andantes” completa 15 anos de incentivo à leitura. Iniciativa fez disparar número de empréstimos nas bibliotecas das instituições de ensino do município
Abiblioteca é o coração da escola. É nela que o encanto se une ao conhecimento e um novo universo ganha vida, pulsa. É nela que a imaginação habita, abrindo caminhos para o presente e o futuro.
Pensando nessa vitalidade, toda prática de cuidado e utilização desses espaços para o incentivo à leitura, é uma história que merece ser contada.
Em Londrina, o projeto Bibliotecas Escolares “Palavras Andantes” é tido como um marco na educação do município e ao completar 15 anos, se revela como um exemplo de que é possível sedimentar uma política pública de leitura com resultados em larga escala.
Estruturado em quatro eixos: contação de histórias (Hora do Conto), formação mensal professores, criação de políticas de estruturação pedagógica e arquitetônica das bibliotecas e empréstimo de livros, o projeto envolve um total aproximado de 40 mil alunos de 87 escolas de ensino fundamental da zona urbana e rural, além de oito Cmeis (Centro Municipais de Educação Infantil).
Nos seis primeiros anos de implantação, o número de empréstimos nas bibliotecas das escolas do município, passou de 71 mil para 640 mil. Ou seja, de 2002 a 2008, a média subiu de dois para 20 livros por aluno, anualmente.
Esses números materializam o impacto do “Palavras Andantes”, mas os ganhos vão além de qualquer conta matemática. “É um reconhecimento de um trabalho que envolveu toda a rede pública de ensino, tendo coerência e respeitando os passos de cada envolvido. Foi uma construção conjunta que está aí para mostrar que é possível e necessário”, comenta o professor Rovilson José da Silva, idealizador do projeto.
Ao completar 15 anos, Silva acredita que o momento é de reflexão. “São anos sedimentados e por isso, quem chega na política pública agora não tem como ignorálo. A ideia é ir sempre ampliando e o ponto de partida é a pergunta: o que mais precisamos?”, aponta.
Partindo desse questionamento, Márcia Batista de Oliveira conta que observou uma lacuna durante os cursos de formação de professores. “Percebemos que havia uma certa dificuldade na forma de contar as histórias e surgiu a ideia então, de nos caracterizar e ajudar semanalmente na contação em cada escola. É uma forma de estimular não só os alunos, mas também os professores”, afirma.
Ela assumiu o Palavras Andantes em 2009 e hoje, segue trabalhando ao lado de Aline Perrota, que atua como apoio pedagógico de língua portuguesa. Segundo Oliveira, o projeto trabalha com leitores iniciantes, para os quais muitas vezes, o livro não tem muito significado.
“Com todo esse trabalho, estamos conseguindo mediar a leitura, transformando as palavras em algo vivo, fazendo com que os alunos conheçam até os autores dos livros. Isso, em um país onde a média de leitura é baixa, é extremamente significativo”, salienta.
O projeto abrange ainda uma política de compras de livros para o município e foi responsável por intermediar a criação de um curso de pósgraduação em literatura infantil e contação de histórias, em Londrina.
Em 2008, foi reconhecido como o melhor projeto de leitura do País, na premiação do Vivaleitura do MEC (Ministério da Educação). Dois anos antes, o “Palavras Andantes” já havia recebido o prêmio “Educação Ouro”, da UMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) e MEC.