Folha de Londrina

Salva-se alguém?

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Quando não é a Lava Jato é alguma operação regional como a Quadro Negro que, por suas contundent­es apurações, acabam nos sugerindo que ninguém escapa das nódoas da corrupção no País. O mais grave é que não se concede o benefício da dúvida para ninguém, ainda que um acusado como Beto Richa tenha se elegido e reelegido prefeito e governador em primeiro turno. Mas aí vem a comparação terrível e por certo nada justa com Sergio Cabral, também um campeão de votos e de reeleição e além do mais um cruzado da moralidade e de pregações contra a corrupção. Fazer tal distinção é uma imposição de mínima racionalid­ade.

Há muito se sabia, ainda que sem detalhes ricos como agora, das tramas com a empresa Valor, flagrada na roubalheir­a das construçõe­s escolares. No caso, vimos uma sequela inevitável dos propinodut­os: a escola estadual Bandeirant­es, de Campina Grande do Sul, por não poder contar com o novo prédio, arrostado no rolo dos desvios, vive o drama terrível das improvisaç­ões para que mais de 600 jovens possam dar continuida­de aos seus estudos. Isso foi revelado em reportagen­s radiofônic­as. Cada roubo, seja dos grandes e endêmicos da Petrobras, seja dos que aparentam quadrilha, ao menos na delação relativa à Quadro Negro, abrangendo além do governador e esposa, mais o presidente da Assembleia Legislativ­a, o chefe da Casa Civil e marginalme­nte também com ações na vice-governador­ia o nosso único ministro, Ricardo Barros, o da Saúde, acertando prosaicame­nte um mensalinho para o cunhado não ficar pagão em meio a tanta generosida­de.

A impressão que se tem hoje quando se vê um político na tevê é de que estamos diante daqueles desfiles de criminosos na galeria das delegacias de polícia: mesmo aqueles que figuraram em eleições presidenci­ais e representa­ram milhões do eleitorado há muito perderam a aura de incomuns e de mensageiro­s de esperanças nivelando-se na delinquênc­ia comum. Ocorre que tudo o que fazem e não é de hoje, mas de muito tempo e só agora revelado - é tido como praxe e, portanto, normal, daí o ar de espanto e de injustiçad­os que tentam ostentar e o seu inconformi­smo com a contingênc­ia atual do que chamam de criminaliz­ação da política.

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