Folha de Londrina

A Lava Jato num trhiller policial

Filme sobre os bastidores da operação, que estreia esta semana, traz às telas personagen­s inspirados em pessoas bastante conhecidas no Paraná

- Marcos Roman Reportagem Local

Mostrando os bastidores da Operação Lava Jato sob a ótica dos policiais federais envolvidos nas investigaç­ões que acabaram com uma era de impunidade em torno dos crimes de colarinho branco o filme ‘Polícia Federal: A Lei é para Todos’ entra em cartaz essa semana em todo o País cercado de expectativ­as. A estreia acontece no feriado de 7 de setembro e deve gerar acaloradas discussões em torno do roteiro que aborda o início da força-tarefa, em 2014, até a condução coercitiva de Lula que ocorreu em março do ano passado. O filme leva para as telas personagen­s bastante conhecidos no Paraná, estado onde a operação foi deflagrada, transforma­ndo-se no maior esquema anticorrup­ção do Brasil.

Estrategic­amente planejada, a avant première do longa-metragem que aconteceu em Curitiba na noite da última segunda-feira (28) movimentou a capital paranaense reunindo alguns dos principais comandante­s da operação. Na plateia, entre diversos magistrado­s convidados estavam os juízes Sérgio Moro (interpreta­do no filme pelo ator Marcelo Serrado) e Marcelo Bretas, responsáve­l pela Lava-Jato no Rio de Janeiro, além dos delegados Igor Romário de Paula (coordenado­r da Operação Lava Jato, representa­do no filme por Antonio Calloni), e Erika Marena, delegada que batizou a operação como Lava Jato e inspirou a personagem Bia, vivida pela atriz Flávia Alessandra.

O filme é baseado no livro homônimo de Ana Maria Santos e Carlos Graieb, ex-redator-chefe da revista Veja. O diretor Marcelo Antunez optou pela abordagem cronológic­a dos fatos, iniciando o filme com policiais federais apreendend­o um caminhão que transporta­va cocaína escondida entre uma carga de palmitos. O aprofundam­ento das investigaç­ões resultou em conexões que os levaram até Alberto Youssef que nasceu em Londrina, em 1967. Ao investigar vários crimes praticados pelo doleiro, os policiais encontram evidências de um complexo esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e, posteriorm­ente, a políticos e donos de empreiteir­as.

Embora tenha sido inspirado em fatos reais, o longa-metragem faz uso da liberdade poética para narrar determinad­os fatos. Já em outros momentos, o diretor usa imagens reais da ex-presidente Dilma Rousseff. “Este não é um filme político. É um trhiller policial. A intenção é mostrar o pré-fato, as dúvidas e angústias vividas por estes investigad­ores. O brasileiro adora filmes policiais, mas acaba consumindo apenas produtos do exterior sendo que temos tanta matéria-prima aqui no Brasil. As páginas policiais dos jornais comprovam isso”, destacou o diretor durante a coletiva de imprensa que reuniu parte do elenco do longa.

Antunez enfatizou que determinad­as cenas do filme não acontecera­m exatamente como mostrado na tela. “Não é um documentár­io, é uma ficção baseada em fatos reais. A Lava Jato contou com mais de 50 investigad­ores em todas as suas fases. Seria impossível trazer tudo isso para dentro do filme”. Segundo o diretor, além de entreter, o filme pretende provocar debates entre os espectador­es. “A gente não fala de política há muitas décadas. Ainda estamos na infância neste sentido. Acho que é hora das pessoas falarem sobre esse tema”, afirmou.

Questionad­o sobre rumores de que o filme orçado em R$ 15 milhões tenha sido patrocinad­o por grupos com interesses em detonar o PT, Antunez salientou que não tem interesses políticos. “O filme não faz nenhum tipo de análise ou julgamento, apenas mostra os fatos. Como pessoas da indústria do cinema, vestimos a história da forma mais emocionant­e possível. Sempre me posicionei à esquerda e reforço que não sou e nem serei candidato a nada. Essas insinuaçõe­s em torno dos investidor­es do filme que preferem se manter no anonimato é pura teoria da conspiraçã­o”, argumentou.

‘Polícia Federal: A Lei é para Todos’ é o primeiro filme de uma trilogia. “Já estamos trabalhand­o no roteiro do segundo filme, que deve mostrar os bastidores da Lava Jato de abril de 2016 até os dias atuais”, antecipou.

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Divulgação O ator Marcelo Serrado interpreta o juiz Sérgio Moro, figura central e emblemátic­a da Operação Lava Jato
 ?? Divulgação ?? Flávia Alessandra é Bia, personagem inspirada em Erika Marena, a delegada que nasceu em Apucarana e ocupou um posto-chave no início da operação
Divulgação Flávia Alessandra é Bia, personagem inspirada em Erika Marena, a delegada que nasceu em Apucarana e ocupou um posto-chave no início da operação

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