Folha de Londrina

Guillermo del Toro encanta Veneza com ‘conto de fadas’

- France Presse

Veneza -

O diretor de cinema mexicano Guillermo del Toro conquistou, na última quinta-feira(31), público e crítica do Festival de Veneza com uma fábula magistral e delicada sobre o amor entre uma princesa muda e uma estranha criatura anfíbia.

“O conto de fadas é o antídoto perfeito para o cinismo, porque toca as emoções”, declarou o cineasta depois de apresentar seu último filme, “The Shape of Water”, em competição pelo Leão de Ouro junto com outros 20 filmes no Festival que termina no próximo dia 9.

Nesta obra, o diretor mexicano alimenta sua paixão por criaturas fantástica­s, colocando-as em um universo visual extravagan­te, arrancando aplausos e críticas entusiasma­das de especialis­tas e público. Ambientado em 1962, durante a Guerra Fria, o filme conta a história de uma jovem, Elisa (Sally Hawkins), que vive uma existência solitária, mas serena, em um cinema de bairro sem clientes.

Durante o dia, ela visita seu vizinho, Giles (Richard Jenkins), um artista gay que ganha a vida com comerciais e adora comédias musicais transmitid­as pela televisão. À noite, ela trabalha com sua amiga negra Zelda (Octavia Spencer) em um laboratóri­o científico secreto do governo dos Estados Unidos. Trata-se de um trio de pessoas desajustad­as que rejeitam o sistema, procuram amor e acabam unindo forças.

A vida de Elisa muda com a chegada ao laboratóri­o de uma estranha criatura marinha extraída das águas do rio Amazonas, onde era venerada como uma divindade. A criatura também consegue respirar fora d’água, uma qualidade que interessa a russos e americanos, em plena corrida para chegar ao espaço.

O ser (Doug Jones) é percebido como uma ameaça para a humanidade por um militar aterroriza­nte (Michael Shannon).

O encontro entre a princesa muda, que se comunica por sinais, e o monstro perseguido é uma ode ao amor puro. “Quando ele me olha, não sabe que sou incompleta. Ele me vê como eu sou”, diz, no filme, a jovem, que descobre que o amor não precisa de palavras. O filme já é apontado como um dos melhores de del Toro depois de “O Labirinto do Fauno”, que levou três Oscars.

“O primeiro ato político ao nosso alcance é eleger o amor ao invés do medo. Vivemos em um tempo em que o medo e o cinismo são usados de uma maneira muito persuasiva”, declarou o cineasta mexicano.

Guilhermo del Toro revisita a fábula da Bela e a Fera, inserindo em um sombrio contexto histórico de sexismo, racismo, injustiça social e ódio internacio­nal.

“Há duas versões de ‘A Bela e a Fera’, uma puritana - os dois se amam de maneira platônica, mas não fazem amor , e uma outra um pouco perversa e preocupant­e. Não me interessei por nenhuma das duas versões”, disse o diretor.

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Reprodução Filme de del Toro, que faz referência­s à Bela e a Fera, é uma ode ao amor

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