Folha de Londrina

Noite em que Nuzman protestou contra moedas atiradas no Peru!

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Eu era o diretor geral da ex-Ametur, no primeiro mandato do ex-prefeito Antonio Belinati, e promovemos, no Moringão, uma partida entre as seleções femininas de voleibol do Brasil e do Peru. Era o ano de 1978, em plena disputa do Mundial de Futebol na Argentina. Dois dias antes do amistoso entre as brasileira­s e peruanas, a seleção do Peru “entregou” o jogo com a Argentina, que fez os seis gols que precisava, para chegar à outra fase (e mais fácil para eles) na Copa. E o Brasil foi prejudicad­o.

Era época do “Vestibular de Inverno” da UEL e a cidade (bons tempos aqueles) vibrava com a presença de tantos jovens de várias cidades do País. A maioria dos vestibulan­dos de São Paulo e do interior paulista.

Não deu outra: quando a seleção feminina peruana entrou na quadra do Moringão, foi recebida por um monte de moedas de dinheiro nosso, atiradas pelos estudantes. Nuzman, presidente da Confederaç­ão Brasileira de Voleibol, e anfitrião do Peru, estava na quadra e ficou possesso. Veio até mim, pedindo que usasse o microfone para pedir que parassem de jogar moedas nas moças visitantes. Disse a ele: Não vou conseguir que parem, pois já estamos de volta à “democracia”. E não quero ser vaiado, porque a bronca desses jovens é com o Peru, que entregou o futebol para a Argentina.

Nuzman, todo de preto, elegante, de medalhão no pescoço, ameaçou tirar as duas seleções da quadra e não jogar. Acalmados os ânimos, pedi aos zeladores que recolhesse­m as moedas, o mais rápido possível. E que ficassem com elas, dinheiro que nem o Nuzman, da CBV, iria querer, pois eram apenas moedas, de valores pequenos. A seleção do brasil ganhou o jogo e as peruanas foram vaiadas, coitadas delas, o tempo todo. Pagaram o pato pelo que fez o Peru em Buenos Aires, no futebol.

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Mauro Pimentel/AFP Nuzman, preso, no Rio, pela PF

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