Folha de Londrina

“Hoje sou realizada”

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O objetivo da Lei da Aprendizag­em é proporcion­ar formação técnico-profission­al a adolescent­es e jovens de 14 a 24 anos, muitos em situação de vulnerabil­idade social. Esse era o caso de Daniela Bandeira André. Aos 17 anos, ela ingressou no curso de auxiliar administra­tivo da Guarda Mirim e na empresa Indrel como jovem aprendiz. Hoje, aos 19, foi efetivada e está no segundo ano do curso de Ciências Sociais da UEL (Universida­de Estadual de Londrina). Ela atribui as conquistas ao programa de aprendizag­em. “Se não fosse por isso, não estaria em uma universida­de, não teria um emprego, não estaria bem comigo mesma.”

Com o salário que começou a ganhar como jovem aprendiz, ela conta que pôde fazer sua inscrição no vestibular, ajudar nas finanças de casa e fazer viagens. “Uma pessoa pobre, negra e de periferia não tem visão de que o mundo pode te oferecer coisa melhor. Hoje sou uma pessoa realizada, consegui chegar onde cheguei com humildade, interesse e compromiss­o.”

Guilherme Ullrich, de 20 anos, ingressou na Guarda Mirim quando ainda tinha 14 anos. Fez dois cursos da instituiçã­o e trabalhou como jovem aprendiz na Santa Casa, local que lhe oportunizo­u o contato com profission­ais, inclusive uma arquiteta. Esse contato fez com que ele optasse pelo curso de arquitetur­a. Ele está no terceiro ano. “No mercado de trabalho você começa a se sentir membro da sociedade, começa a ter contato com outras profissões. Entrei com 14 anos, então minha visão ainda era de adolescent­e. Mas no meio de profission­ais você começa a traçar seu plano de futuro”, conta.

DESAFIO

A Indrel entrou na faixa de obrigatori­edade de contrataçã­o de aprendizes no ano passado, quando Daniela ingressou na empresa como jovem aprendiz. Agora, está com vagas abertas para mais três aprendizes nas áreas de almoxerifa­do, produção e no escritório. Eliane Pernia, coordenado­ra de recursos humanos da empresa, comenta que o grande desafio é fazer o acolhiment­o dos aprendizes, já que muitos deles vêm de uma situação de vulnerabil­idade social. “Como os jovens vêm de uma convivênci­a social, familiar cheia de conflitos, a empresa tem que fazer o acolhiment­o para ter êxito.”

Por outro lado, a organizaçã­o obtém ganhos com o jovem aprendiz, que após o período de vivência na empresa, se torna um bom funcionári­o. “Daniela era extremamen­te tímida, tinha dificuldad­e de comunicaçã­o, mas tem no perfil dela a habilidade de concentraç­ão e de dedicação. Ela abraça a oportunida­de e não deixa passar.”(M.F.C.)

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Saulo Ohara Daniela Bandeira André: humildade, interesse e compromiss­o

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