Folha de Londrina

Defesa usa argumentos de intimidaçã­o

- (C.A.)

O advogado Eduardo Duarte Ferreira iniciou a defesa do vereador cassado lembrando que já esteve na tribuna da Câmara para defender os ex-prefeitos Antônio Belinati e Barbosa Neto, que considerou vítimas de injustiça. Em seguida, alertou aos vereadores presentes que, se aprovassem a cassação do Boca Aberta, estariam assinando o próprio “atestado de óbito”, visto que os mesmos argumentos da acusação poderiam ser usados contra todos eles.

Na tentativa de intimidar os presentes, ele encerrou a defesa dizendo que “o povo vai exigir o mesmo peso e a mesma medida em relação a doações recebidas por outros vereadores”. Enfatizou ainda que a aprovação do relatório da CP seria “um cheque em branco à continuaçã­o da injustiça”. “Com a mesma medida que vão julgar, serão julgados. Não sou profeta, mas conheço a história. O mandato do vereador pode ser cassado, mas sua boca não.”

Boca Aberta, que teve direito a mais uma hora para se defender, exibiu nove vídeos como supostas provas de que não teria cometido ilegalidad­es na UPA ou mesmo pedindo dinheiro por meio da “vaquinha”. Em um dos vídeos exibidos, ele relata que a população estaria sendo mal atendida pela UPA e, ao final da exibição, questionou: “em que momento eu fiz campanha, pedi voto ou distribui santinhos?”

O vereador cassado exibiu também alguns vídeos onde fazia a “prestação de contas” sobre a vaquinha virtual que realizou para tentar arrecadar R$ 8 mil que seriam usados no pagamento de uma multa da Justiça Eleitoral. Como não conseguiu todo o montante, afirmou que teria doado os R$ 1,4 mil obtidos para a ADA (Associação de Defesa dos Animais) e Projeto Vista Bela. “Não enganei ninguém e não ludibriei ninguém. Tudo que eu faço, eu provo”, disse.

Após a exibição, Boca Aberta dirigiu-se ao público chorando e lamentou por todas as injustiças que estaria sofrendo. Também acusou Rony Alves de humilhá-lo em função de uma “briga pessoal” e ainda afirmou que a Câmara “não é lugar de lavar roupa suja”. “Vamos brigar lá fora, Rony Alves, aqui é lugar de defender o povo”, bradou. Ao final da exposição da defesa, os vereadores que quisessem teriam 15 minutos para se manifestar, mas nenhum deles usou a palavra. A votação foi aberta e nominal.

O presidente da Câmara, Mário Takahashi, afirmou que considerou o julgamento tranquilo. “Apesar das várias ações judiciais impetradas pela defesa, que chegaram até ao STF (Supremo Tribunal Federal), não conseguira­m obter a nulidade do procedimen­to, que foi feito de forma respeitosa em relação aos termos da lei. As partes tiveram direito de produzir provas e os prazos foram respeitado­s”, afirmou.

Sobre as ameaças da defesa em relação a outros vereadores serem investigad­os por receberem doações, ele considerou que foram tentativas de intimidaçã­o. “Foram tentativas de distorcer os fatos, assim como ocorreu com as várias ações impetradas. Em qualquer caso de denúncia, esta casa sempre vai levar a investigaç­ão até o fim para dar esclarecim­ento à sociedade”, disse.

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Eduardo Duarte Ferreira alertou aos vereadores que se aprovassem a cassação estariam assinando o próprio “atestado de óbito”

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