Folha de Londrina

Meninas são principais vítimas

- Viviani Costa Reportagem Local

A promotora da Vara de Infrações Penais Contra Crianças e Adolescent­es de Curitiba, Tarcila Santos Teixeira, alertou que os pais tendem a acreditar que as crianças estão em segurança dentro de casa. Porém, é preciso estar atento ao comportame­nto dos filhos nas redes sociais. “A gente percebe que os pais das vítimas nem imaginaram que esse tipo de situação pudesse acontecer com os próprios filhos, seja por não conhecer o nível de crimes sexuais que hoje nós enfrentamo­s no País, seja por não acreditar que seus filhos pudessem se deixar envolver”, afirmou.

Na fase dos 9 aos 12 anos, a inseguranç­a de crianças e adolescent­es faz com que eles se importem mais com a opinião dos amigos, conforme a promotora. “Pessoas com perfis falsos se aproveitam desse momento e iniciam uma conversa com elogios às vítimas”, explicou a promotora. Aproximada­mente, 90% dos alvos de cibercrime­s são meninas com idade entre 10 e 13 anos.

Após o início do diálogo, os criminosos pedem fotos das vítimas para conhecê-las. Posteriorm­ente, as imagens são utilizadas como forma de chantagem. “Ele [o criminoso] vai seduzir a criança pela internet e essa série de elogios faz com que ela se sinta muito valorizada. Ela vai se envolvendo nessa conversa e até acaba indo ao encontro desse agressor sem que os pais saibam”, ressaltou. Muitos casos podem resultar em crimes de abuso sexual.

Para a promotora, o melhor caminho é a conversa entre pais e filhos. “A tática do monitorame­nto das redes sociais é a que menos vai ter sucesso. O melhor caminho é mostrar a realidade aos filhos. Hoje nós temos bastante informação para pegar uma criança de 10, de 12 anos de idade e mostrar que tem pessoas que se apresentam de uma forma nas redes sociais, mas que os perfis não correspond­em à realidade. São pessoas que se apresentam como meninos de 14 anos, mas na verdade são homens de 50”, afirmou.

Ao desconfiar da ação do criminoso, é importante que pais ou responsáve­is procurem a delegacia para denunciar o crime. “Há situações em que é preciso identifica­r o agressor por meio da identifica­ção do computador. As providênci­as vão depender de cada situação”, declarou. No Paraná, as denúncias podem ser feitas diretament­e no Nuciber (Núcleo de Combate aos Cibercrime­s), em Curitiba, nas sedes das delegacias especializ­adas do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescent­e Vítimas de Crimes) e nas delegacias de uma forma geral.

O advogado especialis­ta em crimes cibernétic­os Fernando Peres lembrou ainda que o WhatsApp dificulta ainda mais o controle sobre as postagens pela internet. “Não há segurança nas informaçõe­s publicadas nas redes sociais e nos aplicativo­s de conversas on-line. Mesmo sendo uma pessoa de confiança, o que garante, por exemplo, que a pessoa que recebeu a mensagem não vai perder o aparelho celular?”, questionou.

Conforme o advogado, quem compartilh­a fotos e vídeos de crianças e adolescent­es vítimas de pedofilia também pode ser responsabi­lizado de acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescent­e). “Quem compartilh­a comete um novo crime”, alertou Peres.

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