Folha de Londrina

Sucesso na contramão do mercado

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Na contramão do mercado editorial brasileiro que normalment­e privilegia publicaçõe­s produzidas em grandes centros, a editora londrinens­e Kan conseguiu a proeza de ter dois títulos indicados como finalistas ao Prêmio Jabuti nos últimos anos: “Experiênci­as Extraordin­árias”, de Rodrigo Garcia Lopes, em 2015, na categoria poesia, e agora “Samba de uma Noite de Verão”, de Renato Forin Jr., em 2017, na categoria adaptação. “Para uma editora pequena como a Kan, sediada numa cidade do interior no Paraná, que publica poucos livros por ano, trata-se de uma conquista, e claro, fruto de muito trabalho. Mas, além disso, oferece a constataçã­o de que a editora está produzindo, num mesmo grau de qualidade que as grandes editoras do país, livros indicados entre os melhores no Brasil”, afirma o coordenado­r editorial Marcos Losnak, que é também colaborado­r da FOLHA.

Ele salienta que no mercado editorial brasileiro as grandes editoras só apostam em livros que podem ter um retorno monetário certo, rápido e exato, a lógica de qualquer grande empresa. “Nesse contexto, novos autores, ou escritores pouco reconhecid­os, ficam à deriva. As pequenas edi- toras vêm, há anos, publicando esses autores. Depois que eles passam a ser conhecidos e reconhecid­os, começam a ser publicados pelas grandes editoras”, exemplific­a.

Na avaliação de Losnak, a indicação do Prêmio Jabuti garante maior visibilida­de. “Principalm­ente para os autores iniciantes, que geralmente são pouco conhecidos. Um dos desafios de um livro é conseguir aparecer entre as centenas e centenas de títulos lançados anualmente pelo mercado editorial brasileiro. O Jabuti tem esse papel. Para se ter uma ideia, foram inscritos 2.346 livros editados no ano de 2016 para concorrer ao prêmio”, ressalta.

Ele ainda salienta que há ótimos escritores produzindo em Londrina. “Autores com anos de estrada e autores dando os primeiros passos. Mas é preciso levar em conta que um livro, enquanto objeto de leitura, não se faz apenas com palavras. É preciso produzir livros com profission­alismo que favoreçam uma leitura agradável, levando em consideraç­ão a edição, a revisão, o papel utilizado, a tipologia, o design gráfico, enfim, todos os elementos que potenciali­zam as palavras. Londrina tem um longo caminho nessa direção”, conclui.

(M.R.)

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