Profissionalização e melhoria da qualidade do produto são o caminho para a cadeia do leite do Paraná, que ainda enfrenta o desafio da rentabilidade
Apesar do Estado ter atingido a incrível produção de 4,7 bilhões de litros no ano passado, produtores continuam tendo que superar obstáculos para sobreviver; qualidade e profissionalização são fundamentais
Seja qual for o negócio, ajustar “produção x qualidade” é algo que precisa ser pensado. Quando se trata do mundo agro, volumes exorbitantes não necessariamente significam faturamento para o agricultor. Muitas vezes, aquela commodity ou produto básico não está rentável - oscila demais ao longo de um ano para o outro - e uma alternativa é melhorar o valor agregado dele, de diferentes formas.
Sem dúvida, esse paradigma tem sido vivido na cadeia do leite paranaense. De um lado, uma produção que se mostra significativa, colocando o Estado atualmente como o segundo maior produtor do País. Do outro, isso muitas vezes não significa rentabilidade para o produtor, que acaba vendendo o leite, digamos, “a preço de banana”, como tem acontecido no segundo semestre de 2017. Na Folha Rural desta semana, apontamos estratégias para o produtor. Um caminho que passa pela profissionalização e melhoria qualidade do produto, rompendo com um velho formador de preços: o leite longa vida.
Antes disso, é preciso dizer que no ano passado – nos meses de agosto e setembro – os valores chegaram na casa dos R$ 2,00 o litro e a produção atingiu ótimos patamares. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de leite estadual em 2016 alcançou 4,7 bilhões de litros, volume 1,5% maior que no ano anterior. Em dez nos, o salto foi de 2,7 bilhões para 4,7 bilhões de litros, elevação de 75%.
Assim como o Paraná, os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul também elevaram a produção de leite, o que colocou a região Sul do País como a maior produtora, com um volume de 12,45 bilhões de litros produzidos no ano passado, crescimento de 1,1% em relação ao ano anterior. Já o País alcançou um volume de 33,6 bilhões de litros, o que correspondeu a uma queda de 2,8% em relação a 2015.
O médico veterinário do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Agricultura), Fábio Mezzadri, relata que o Paraná teve uma pequena reação frente aos outros estados, mesmo em um ano difícil, de crise econômica e menor consumo do leite e derivados lácteos, que sustentam essa cadeia. “Com os preços altos do milho no ano passado, muitos saíram da atividade ou reduziram a produção. Mas os que permanecem, estão cada vez mais profissionalizados, tecnificados, trabalhando com genética dos animais e alimentação.”
Segundo o especialista, a produção poderia até ter sido maior caso não houvesse este cenário econômico tão ruim. Neste ano, apesar dos preços menores, pelo menos o custo do milho caiu consideravelmente. Em contrapartida, choveu muito no início de junho, o que atrapalhou as pastagens de inverno e, depois, houve 50 dias de estiagem. “Mesmo com esses custos de produção menor este ano e o bom volume entregue no ano passado, o produtor ainda está pagando a conta dos altos custos de 2015 e 2016.”
Os que permanecem, estão cada vez mais profissionalizados, tecnificados, trabalhando com genética dos animais e alimentação”