Folha de Londrina

Como fazer reformas com 3% aprovando Temer e hostilidad­e aos políticos?

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A economia do Paraná vai, como sempre, bem, o que não se pode dizer do governo atolado na crise fiscal que não se vence com fantasia. De um modo geral, os Estados costumam apropriar-se de dados macroeconô­micos como se fossem resultado de sua atuação, o que é falacioso.

O país, por exemplo, conforme o IBGE, pelo sexto mês consecutiv­o nos dados do Caged, teve mais emprego do que demissões: saldo de 34.400 em setembro, quando tivemos de 2015 a 2016 mais perdas do que ganhos. No Paraná, o saldo foi de 2.281 e o acumulado positivo no ano é de 1.326. Vejamos, agora, o que se dá no universo das microempre­sas, aquelas por exemplo que têm até quatro empregados: de janeiro a agosto o saldo da terra é de 47 mil empregos e sabem o que os gênios governamen­tais estavam bolando? Simples, em nome de alinhament­o a normas federais, estavam pretendend­o taxar fortemente, como se sabe, o setor das micros e pequenas empresas, aquele que é um exemplo diante do governo inflado e gastador e, ainda por cima, “ferrando” os que dão o bom exemplo.

Essa área, que o governo quer punir, está com o primeiro lugar no Sul do país e o terceiro no geral brasileiro atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. Mesmo com essas evidências, o governo, alegrement­e, tenta faturar os indicadore­s como obra sua quando faz exatamente o contrário no trato com os que cultuam o mérito e praticam a eficiência.

Horror

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostrou que a população tem 83% de rejeição ao presidente Michel Temer e de 78% aos políticos e partidos de uma forma geral. Como fazer reformas com os 3% de créditos do presidente e a hostilidad­e aos políticos? A blindagem de Michel Temer contra as denúncias aprofunda tudo isso e mostra a incompatib­ilidade entre o povo e seus representa­ntes, divórcio consumado.

Breque

Mesmo com os breques da instância superior, a Operação Publicano chega a sua 10ª fase com 19 mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva, em ações de fiscais já configurad­as como lavagem de dinheiro.

Vale tudo

Para garantir-se com votos da bancada do PR, Michel Temer promete não privatizar o aeroporto de Congonhas. Como se vê, até elementos da tão badalada reforma, via privatizaç­ão, entram na jogada. Sob ataque de denúncias de corrupção, valem-se dela na compra de votos.

Invasão

Trinta jovens tomaram anteontem à noite as instalaçõe­s do maior estabeleci­mento de ensino médio do Estado e um dos maiores do Brasil, o Colégio Estadual do Paraná, para celebrar um ano das ocupações históricas de 2016 contra fechamento das unidades (a política de ensalament­o da Secretaria de Educação) e igualmente opostos à reforma educaciona­l. Passaram a noite, mas mesmo no período matinal alguns professore­s deram suas aulas e não houve confronto, embora a PM tenha se deslocado até o local.

Pundonores

Está cada vez mais difícil aceitar os excessos de parte apreciável da população com o hábito da censura exercido, a três por dois, não apenas em obra de arte, mas até contra a exposição de um porco numa boutique de carnes do Shopping Batel. Enquanto não tiraram o bácoro da vitrine que ocupava o povo não se deu por satisfeito. Nem gado fatiado escapa.

Nostalgia

Houve um tempo em que o PMDB não era unânime como agora na linha fisiológic­a, que é sua essência, vale dizer ideologia. Dois campos disputavam posições: um composto por aqueles que se autodenomi­navam como autênticos, os demais como fisiológic­os. Hoje o partido chegou à sublime unanimidad­e: todos são autenticam­ente fisiológic­os e dão exemplos diários como esses da proteção do seu líder maior e presidente, antes do partido, agora da nação.

Promessas

Um fator que pode abalar a contagem dos votos da segunda denúncia contra Temer é a série de cargos prometidos e não concedidos e emendas parlamenta­res bloqueadas e demandas menores como concessões de rádios em cidades. Na CCJ, já houve queda numérica em relação à primeira denúncia: 39 a 26 contra 41 a 24 em julho.

Farinata

Todos os políticos, conforme o ceticismo geral, são farinha do mesmo saco. O diferencia­l é o João Dória, prefeito de São Paulo, para quem é visível que nem todos são da mesma farinata.

Folclore

Da mesma forma que essa farinata do Dória lembra um concentrad­o com resíduos alimentare­s de dona Fani Lerner, empregado massivamen­te para fins sociais, o Michel Temer se vale para garantir sua blindagem de uma técnica de Jaime Lerner para obter maioria parlamenta­r na convocação de secretário­s, como se deu com Nelson Justus, que deixou sua pasta, para votar pela liberação da Copel para leilão. Agora, Temer afasta temporaria­mente oito ministros para que retornem ao parlamento e votem em seu favor. É plágio demais. Somos mais do que um centro de inovações urbanas, copiam-nos até no abominável ramo político.

Somos mais do que um centro de inovações urbanas, copiam-nos até no abominável ramo político”

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