PR tem capacidade industrial pequena e ‘joga’ produto no mercado
Na região de Londrina e cidades vizinhas, o que se percebe é uma queda dos produtores de leite nos últimos anos. Segundo o médico veterinário da Emater, Paulo Hiroki, que atua na macrorregião Norte com 90 produtores, o que se percebe é um deslocamento da produção para o Centro Sul. “Isso acontece em função das próprias características da região, com presença da família no meio rural e pessoas mais jovens na atividade. Aqui as pessoas estão ficando velhas para a produção e não tem sucessão.” Hiroki cita outros pontos, como a valorização da terra na região e o foco em diferentes atividades, como a soja, ou o próprio arrendamento da área.
Mas de forma geral, apesar dos bons volumes produtivos em 2016, para o veterinário o caminho do Estado, de fato, precisa passar pela qualidade em detrimento do volume. Segundo ele, o que aconteceu no ano passado está ligado diretamente aos preços daquele momento. “O valor de quase R$ 2,00 o litro fez com que potencializasse a entrada de novos produtores, o que fomentou a exploração das áreas com animais. Acabou sendo um balanço positivo na conjuntura de mercado”.
De qualquer forma, ele considera que a evolução da cadeia estadual está diretamente ligada às melhorias dos parâmetros de qualidade. “Dentro desse contexto, o Paraná busca sensibilizar a indústria, laticínios, para deixar de fazer o leite spot – que você coloca prontamente no mercado – para fazer um leite processado, de alto valor agregado, queijos diferenciados, iogurtes. Exceto a região de Castro e a Confepar, com alguns produtos, nossa capacidade industrial é pequena e jogamos leite no mercado. Temos que aumentar o mix e parar de brigar nessa linha de leite longa vida, que não evolui o negócio.”
Para que haja uma propriedade ajustada no sentido de atender uma demanda industrial como essa, é necessário investimento, pensando em manejo, em alimentação estocada, sanidade, certificação, o que influi diretamente em melhorias da qualidade do leite, como teor de gordura, proteínas, número de bactérias, entre outros. “Hoje, dos 90 produtores que atendo, tenho 70 que estão tudo nos conformes e 20 que precisam atender essas demandas.”(V.L.)