Folha de Londrina

Volta da campanha Natal Sem Fome é um alerta

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Dez anos após a última edição do Natal Sem Fome, a ONG Ação da Cidadania retomou a campanha criada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em 1993. Os voluntário­s da ONG, em todo o país, começam a arrecadar alimentos que serão distribuíd­os, em dezembro, para famílias carentes. A campanha havia sido encerrada em 2007, quando o Brasil saiu do mapa da pobreza. Hoje, diante do cenário de desemprego, ela é retomada até mesmo como uma forma simbólica, pois liga o sinal de alerta e chama a atenção para a situação difícil de muitas pessoas que hoje sobrevivem contando com a solidaried­ade. A ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) já havia feito um alerta no mês passado. Após um declínio constante por mais de uma década, a fome voltou a crescer no mundo, como consequênc­ia de conflitos e mudanças climáticas. Com dados de 2016, a organizaçã­o mostrou que a fome afetou 815 milhões de pessoas ou 11% da população global. Os dados fazem parte de um documento sobre segurança alimentar, lançado anualmente pela organizaçã­o. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a, são 7 milhões de pessoas nessa situação. Na edição da última segundafei­ra (23), a FOLHA ouviu famílias de Londrina que vivem abaixo do limite econômico. No município, são 17 mil famílias cadastrada­s no programa Bolsa Família, que beneficia aquelas que têm renda per capita de até R$ 85,00, enquanto que no Paraná são 354.814 famílias cadastrada­s no programa do governo federal. Se a ONU tem como meta erradicar a fome no mundo até 2030, é preocupant­e ver os números indicando que estamos andando para trás. A solidaried­ade é importante, mas é preciso projetos que considerem as múltiplas razões para a pobreza extrema, como a desigualda­de de renda.

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