O crescimento
Palestrante principal do EncontrosFolha defende que o momento é de usar as lições aprendidas com a crise para se desenvolver
Reportagem Local
Acrise econômica que assolou o Brasil nos últimos anos dá sinais de que pode estar chegando ao fim. As micros e pequenas empresas que sobreviveram à recessão enfrentam agora o importante desafio de retomar o crescimento e aplicar as lições aprendidas nos tempos de turbulência econômica para tornar as empresas cada vez mais sustentáveis.
Marco Antonio Nascimento Cunha, consultor nas áreas de gestão e finanças, docente em cursos de pós-graduação em gestão empresarial e gestão financeira na ISAE/FGV e diretor Financeiro do Grupo Mercadomoveis é o convidado do EncontrosFolha para a palestra principal do evento. Doutorando em Administração na Universidade Federal de Possadas (Argentina), mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e farmacêutico pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, ele vai usar a ampla experiência profissional nas áreas de varejo, agronegócio e construção civil para apontar caminhos para os pequenos negócios.
Otimista, Cunha acredita que os próximos cinco anos serão de crescimento econômico. “Temos condições para isso”, afirma, diante da conjuntura de baixa inflação e taxas de juro reduzidas. Neste cenário, é preciso se preparar para aproveitar oportunidades. “Os empresários estão machucados, desmotivados, mas precisam acreditar no Brasil que dá certo. É hora de deixar o Brasil errado de lado e acreditar no que pode dar certo para sua empresa. É hora de buscar resultados”, pede.
O palestrante lembra que o País passou por forte ciclo de crescimento nos anos 2000, o que garantiu bons resultados mesmo às empresas com deficiências de gestão. A crise obriga a baixar preços e impõe uma realidade de menos vendas. A única solução é fazer mais com menos, ou seja, aumentar a eficiência para sobreviver.
As oportunidades pós-crise, portanto, serão mais generosas com quem foi mais eficiente. Ele lembra que muitas micros e pequenas empresas (MPE) enxugaram a estrutura, reduziram operações, endividamento e até despesas pessoais dos donos, eliminaram produtos que não davam muito resultado e persistiram. “Esses podem acreditar no futuro”, garante.
Não significa, porém, que não haverá necessidade de mudanças. “O empresário precisará entender que a demanda pode mudar. Quem pensar no futuro do negócio e investir em tecnologias mais modernas, que imponham menos custos, terá mais chances de crescer”, reforça, lembrando que a rapidez é essencial para se adequar. “Só uma coisa não muda. Quem tem produto de qualidade, bom atendimento e preço justo sempre terá clientes.”
Já as empresas endividadas, ou que não conseguiram manter equipes qualificadas por causa da crise terão que desenvolver o que Cunha chama de “olhar técnico”. “É imperativo fazer um diagnóstico claro da realidade e um plano de negócios sensato, em harmonia com o dia a dia da empresa”, ensina. A criatividade também é importante para se recuperar em um contexto onde falta capital de giro, mão de obra qualificada e produção defasada. “É possível terceirizar a produção, ganhar menos, mas continuar atendendo o cliente”, exemplifica.
Analisar item a item e identificar o que realmente traz resultado ajuda a questionar os próprios processos. “Também é preciso sair da cadeira e ir para a rua. Quem vai atrás sempre encontra clientes.”