Londrina terá mutirão de endometriose
Especialista fará três cirurgias visando a sistematização do diagnóstico e tratamento entre médicos; também está prevista uma palestra para a comunidade
Adedicação de mais de 20 anos em estudos sobre a endometriose trouxe ao ginecologista Claudio Crispi uma certeza. “Os médicos precisam ter uma visão completa das pacientes, acolhendo e buscando um tratamento mais humano, para garantir qualidade de vida a essas mulheres”, revela. É com esse olhar que o especialista vem a Londrina, participar do 2º Mutirão de Endometriose Profunda, nos dias 3 e 4 de novembro, no HCL (Hospital do Câncer de Londrina).
Além de falar sobre a doença para o público em geral, ele irá operar três pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) junto a uma equipe multidisciplinar, com o objetivo de instruir cirurgiões no que ele chama de sistematização para garantir a segurança e o resultado esperado da cirurgia. “Não é raro as pacientes com endometriose profunda serem operadas mais de uma vez. Essa é uma das cirurgias mais difíceis e a ideia é justamente fazer com que seja reprodutiva de maneira segura e completa.”
A doença é considerada um caso de saúde pública, pois atinge 15% da população feminina entre 15 e 45 anos, em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde estima que atualmente são 176 milhões de mulheres diagnosticadas. A SBE (Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva) descreve como “doença ginecológica caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, ou seja, em qualquer outro lugar do corpo”.
Na pelve feminina, este tecido pode acometer as trompas, ovário, peritônio, bexiga, intestino, fundo da vagina, entre outros. E pelo estímulo dos hormônios femininos sofre pequenos sangramentos, o que provoca uma intensa reação inflamatória e explica a dor intensa experimentada pelas mulheres. Com o comprometimento do aparelho reprodutor, a doença diminui a capacidade da mulher de engravidar.
Pensando em todo o impacto, Crispi reforça a importância do diagnóstico precoce, pois destaca que no Brasil a detecção ocorre comumente após 10 anos do seu aparecimento. Ainda segundo ele, quando uma mulher relata um dor fortíssima de cólica, as chances dela ter endometriose são de 90%. “Se há um aumento do fluxo menstrual e dor na relação sexual, as chances são de 98%.”
QUEIXAS
Ginecologista em Londrina, Francisco Lopes é um dos coordenadores do mutirão e acrescenta que a endometriose pode gerar queixas que nem sempre estão relacionadas à parte ginecológica, fator que implica também no diagnóstico tardio. Entre as possibilidades, além das bem estabelecidas – cólica intensa, dor na relação sexual e infertilidade - ele cita abortamentos no primeiro trimestre de gestação; infecção urinária e candidíase de repetição; alterações intestinais próximo ao período menstrual; comprometimento do sistema imunológico; hipotiroidismo etc. “Hoje, temos exames específicos como ressonância e ultrassom com preparo, que na presença e interpretação de profissionais bem treinados podem apontar focos de endometriose”, comenta.