Reflexões sobre a exposição no Colégio Dom Geraldo Fernandes
O episódio ocorrido duas semana atrás no Colégio Estadual Dom Geraldo Fernandes, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), é mais um elemento deturpado na discussão da liberdade de expressão e o conceito de artes. Inobstante os temas terem sido escolhidos pelos alunos do 3° ano do Ensino Médio – pedofilia, aborto e suicídio, serem de fato relevantes para uma discussão em um ambiente escolar, me questiono acerca de pontos específicos.
O primeiro está na seleção do material a ser exposto – esse a critério da docente sob a avaliação da coordenação acadêmica da escola. Infelizmente, a questão da pedofilia na Igreja Católica é real; todavia, a Bíblia é o livro sagrado dos cristãos e judeus, que seguem o Torá, que são os cinco primeiros livros do Antigo Testamento.
A exposição de textos e imagens de reportagem em si não representam “arte”, mas sim uma manifestação de opinião. Mas a imagem de uma Bíblia depredada é uma crítica desrespeitosa acerca da fé de boa parte da população brasileira. Essa contextualização é nociva em tempos extremos e, absolutamente, desnecessária. Caberia aos professores do Colégio Dom Geraldo Fernandes – ironicamente ex-arcebispo de Londrina, censurar sua exibição.
A palavra censura denota uma impressão nociva em nossos tempos, incorreta em tempos do politicamente correto. Todavia, contextualizando a questão da pedofilia nas igrejas católicas, haveria a necessidade de distinguir a instituição da ofensa à crença. Obviamente, eu sou contrário à pedofilia. É preceito básico de civilidade condenar sua prática no âmbito social. Mas aparentemente não houve o exercício de bom senso ao interpretar a “expressão artística” dos alunos acerca da matéria. Não é questão de mera censura e intolerância, mas sim de respeito ao próximo.
O segundo aspecto está na questão da responsabilidade. Os alunos escolheram os temas e elaboraram as formas de expressão dos conteúdos. Como comentei, caberia ao corpo docente do colégio fazer uma seleção daquilo que deveria ou não ser exposto. Mas não é possível deixar de observar a falta de diálogo entre os alunos com seus pais. A educação básica é obrigação da família, sendo que em situações normais os responsáveis deveriam saber do conteúdo daquilo que os adolescentes estavam produzindo. É notória a falta de diálogo no ambiente familiar, assim como preocupante observar que os alunos do 3° ano do Ensino Médio não possuem o discernimento do que é certo ou errado. É preocupante ao extremo perceber que esses jovens não possuem opinião sobre temas cotidianos ou, pior, não terem atitude para apresentar suas contrariedades.
Em síntese, a questão ultrapassa os limites do que é arte e da liberdade de expressão. Também pode ser equivocado acusar a professora responsável de apologia, mas sem dúvida ela e a coordenação erraram ao serem coniventes com as manifestações preconceituosas – afinal, a pedofilia no contexto apresentado é uma consequência direta dos ensinamentos bíblicos, que consubstanciam a fé da maior parte da sociedade brasileira.
Preocupante observar que os alunos do 3° ano do Ensino Médio não possuem o discernimento do que é certo ou errado”