Ciclo dos Saberes: inspiração para a sala de aula
Evento promovido pela FOLHA abordou as potencialidades pedagógicas do jornal nas escolas e homenageou professores e alunos que protagonizam histórias inspiradoras
Experiência, conhecimento e boas histórias para inspirar. O Ciclo dos Saberes, evento promovido pela FOLHA, através do programa Folha Cidadania, foi uma aula de estímulo para professores e demais profissionais da área de educação.
O encontro foi na terça-feira (31), no auditório da Unimed, e teve dois momentos especiais: o reconhecimento de boas histórias protagonizadas por alunos e professores no dia a dia, e uma palestra sobre o tema “O jornal e suas potencialidades pedagógicas”, ministrada por Diene Eire de Méllo, docente da UEL (Universidade Estadual de Londrina).
“Não tem como pensar em uma escola hoje, que não negocie com outras formas de educar e se comunicar”, destaca Méllo, que promoveu uma reflexão acerca do potencial da mídia impressa no campo de ensino e aprendizagem, buscando identificar interlocuções possíveis entre escola e mídia.
Em sala de aula há 22 anos, o Folha Cidadania tem a missão de apresentar o jornal aos educadores como ferramenta no processo de aprendizagem, estimulando a leitura, escrita e interpretação.
“A educação é o pilar para o desenvolvimento de qualquer nação e o Folha Cidadania há anos vem colaborando para o desenvolvimento do senso crítico nas crianças”, destaca o superintendente do Grupo FOLHA, José Nicolás Mejía.
Pois o jornal não provoca a leitura como uma simples decodificação, mas traz uma leitura de mundo, uma compreensão da realidade. “A escola continua sendo um espaço de formação para homens e mulheres viverem em sociedade, mas esse trabalho tem que acompanhar o momento histórico no qual está inserido, isto é, os professores devem reconfigurar suas atuações constantemente para dar conta de tantas demandas”, reflete.
Uma das ferramentas que propicia inúmeras formas de agregar discussões atuais com o conteúdo programático é o jornal em sala de aula. Quem teve essa visão e dedicou estudos a respeito durante anos, foi o educador francês Célestin Freinet.
Buscando um sistema democrático de educação, Freinet defendia técnicas de experimentação e documentação, munindo a criança de instrumentos para aprofundarem o conhecimento e desenvolver ações. E o jornal era uma delas.
“Ao ler uma notícia o aluno está desenvolvendo a leitura e a escrita, mas também está promovendo uma organização do psiquismo. O jornal é uma ferramenta mediadora do pensamento”, salienta Méllo.
Porém, para que o jornal seja potencializado pedagogicamente é necessário um trabalho de mediação consciente do professor. Um exemplo vem da Escola Municipal Miguel Bespalhok (zona Leste), onde o jornal serviu de base para estruturar a prova do 4° bimestre.
“Dividi a sala em equipes e cada uma escolheu um texto do jornal para criar uma atividade relacionada. Estou corrigindo o trabalho e vou adaptar essas questões para a prova”, conta a professora do 5° ano, Cristiane dos Santos Silva.
Na Escola Municipal Professora Corina Mantovan Okano, no distrito de Maravilha, o jornal também chega à sala de aula através do programa Folha Cidadania e a coordenadora Rosa Alzira dos Santos conta que a leitura das notícias tem ajudado os professores a aprofundar outros temas.
“Mas esse enriquecimento não fica só na sala de aula, pois os estudantes fazem questão de levar os exemplares para as famílias. Todo mundo acaba se beneficiando porque nem todos têm acesso ao jornal”, comenta.
MULTIPLICAR EXEMPLOS
A primeira edição do Ciclo dos Saberes também contou a história de quatro alunos e professores como forma de inspirar a plateia de educadores. Uma delas é protagonizada por Pedro Ando Costa, 8, aluno da professora Loaci Vieira de Souza Rodrigues, na Escola Municipal Maestro Andréa Nuzzi (zona sul).
Costa tem baixa visão e a professora foi proativa em aprender o Braile. “Ela também viu uma oportunidade tanto para ela quanto para os alunos, de conviver e aprender com uma criança que tem uma limitação. O Pedro vem em um desenvolvimento crescente que nos deixa muito feliz”, diz a mãe Regina Ando.
O trabalho da Guarda Mirim de Londrina foi homenageado pela integração de adolescentes em situação de vulnerabilidade social e pessoal, como a ex-aluna Gleice Olga Martin Luz, que teve acesso a novos caminhos com a dedicação da educadora Juliana Shimasak. “Somos transparentes e compartilhamos nosso modelo de autogestão porque coisas boas devem ser difundidas”, sustenta a presidente da Guarda Mirim, Kimiko Yoshii.
A aluna Maria Vitória Valoto, bolsista do Colégio Interativa, foi reconhecida pelo trabalho de iniciação científica junto com o professor Fábio Bruschi. Ela desenvolveu uma cápsula que neutraliza a lactose, com baixo custo de produção e tem participado de grandes feiras científicas nacionais e internacionais. “Os professores são fontes de inspiração”, reconheceu a estudante.
O pianista Gonçalo Rebelato, 18, também teve o talento lapidado pelo professor violinista Roney Marczak. Ele é bolsista da Escola de Música Sol Maior e vem se destacando na música. “Temos que nos alimentar sempre das experiências uns com outros”, diz Marczak.
A secretária municipal de educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, participou das homenagens e ressaltou que o Ciclo dos Saberes se mostrou como um evento de formação de educadores e de debate. “Essa reunião de professores proporciona uma troca de experiências e o resultado só tende a ser incrível”, conclui.