Câncer de próstata, uma doença silenciosa e perigosa
Campanha Novembro Azul alerta para a importância de investigar a doença que não tem sintomas na fase inicial; homens a partir dos 50 anos devem ir ao médico
frequentar o consultório médico anualmente. Em uma dessas visitas, o médico observou uma alteração no exame de sangue chamado PSA (Antígeno Prostático Específico) e passou a acompanhá-lo frequentemente durante um ano.
No terceiro teste que era realizado a cada seis meses, veio o diagnóstico de CaP. “Faço questão de dizer que não tive nenhum sintoma. Não sentia absolutamente nada”, afirma o funcionário público aposentado. Souza já tinha feito exames de toque, mas só uma biópsia atestou o resultado.
O chefe de Urologia do HCL (Hospital do Câncer de Londrina), Paulo Emílio Fuganti, ressalta que os exames PSA e toque são indispensáveis, pois na análise sanguínea é possível detectar qualquer alteração e o de toque pode revelar outras doenças além do CaP. “Décadas atrás, muitos pacientes morreram em decorrência do câncer avançado porque não existia o rastreio através do PSA. Hoje é diferente. Já podemos detectar o tumor precocemente. Não é uma prevenção, mas podemos descobrir a doença em um estágio tratável ou remediável”, afirma.
Estudos apontam que a avaliação inicial dos homens deve acontecer a partir dos 50 anos. Isso porque o CaP está ligado diretamente ao envelhecimento. “A média de idade do câncer de próstata é de 66 anos, mas o histórico familiar é uma importante fonte de informação, pois aumenta as chances do indivíduo desenvolver a doença”, afirma.
Além da herança familiar, indivíduos de pele negra também têm mais chances de desenvolver a doença. Nesses casos, a recomendação é que procurem o urologista a partir dos 40 anos. No entanto, Fuganti explica que a avaliação não precisa ser necessariamente anual. “Estudos sugerem critérios para avaliação e tratamento, como a expectativa de vida do paciente. Temos que levar em conta quanto tempo de vida a pessoa tem, uma vez que a doença acomete principalmente indivíduos com idade avançada e que muitas vezes apresentam outras doenças associadas”, diz.
Essa medida é praticável porque, segundo o urologista Fernando Terziotti, do HCL, esse tipo de tumor é indolente, ou seja, de progressão lenta. Em relação ao tratamento, ele afirma que a cirurgia é indicada apenas para os tumores em estágio inicial, visando uma maior sobrevida do paciente. “Os pacientes avançados comumente apresentam metástase e vão se beneficiar do tratamento hormonal. Sessões de quimioterapia e radioterapia também podem ser prescritas dependendo do caso”, completa.
De acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) “o tratamento definitivo (cirurgia) deve ser indicado caso seja identificada progressão da doença em pacientes com expectativa de vida maior que 10 anos, poupando pacientes com tumores indolentes das consequências do tratamento.”
O aposentado Souza, que estava sendo acompanhado de perto pelo urologista, passou pela cirurgia para remoção da próstata há cerca de quatro meses. Após o uso de sonda por 15 dias, fez algumas sessões de fisioterapia e hoje comemora a boa saúde. “Retornei esses dias ao médico e está tudo bem. Meu receio era ter que abrir mão de algumas atividades por conta da cirurgia, mas estou liberado para fazer coisas que gosto, como pescar, viajar. É vida normal”, comemora.
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