Folha de Londrina

JORNADA ESTENDIDA

Plano Nacional de Educação prevê que ensino em tempo integral seja ofertado em pelo menos 50% das escolas públicas brasileira­s; sindicato discorda da ampliação da carga horária

- Carolina Avansini Reportagem Local

Com o objetivo de aumentar o tempo das crianças em sala de aula, a Secretaria de Educação de Londrina pretende ampliar a carga horária dos professore­s. Pesquisa vai apontar a quantidade de profission­ais interessad­os na mudança, que pode beneficiar 28 mil alunos. Hoje, 17 das 87 escolas municipais oferecem oficinas no contraturn­o

Aumentar o tempo dos alunos na escola e, dessa forma, chegar mais perto da meta 6 do PNE (Plano Nacional de Educação), relativa ao aumento da oferta de educação em tempo integral no Brasil,éo objetivo principal do projeto que prevê aumento da carga horária de 20 para 30 horas semanais para professore­s da rede municipal de Londrina e o consequent­e aumento proporcion­al no salário. O projeto, ainda em estudo pela Secretaria Municipal de Educação, nem saiu do papel mas já causa polêmica entre os envolvidos.

Enquanto atitular da pasta, Maria Tereza Paschoal de Moraes, explicou que o foco da mudançaéga­rant ir aos aluno suma hora diária amais na escola e, assim, chegar mais perto do cumpriment­o da meta 6, o Sindserv (Sindicato dos Servidores Municipais de Londrina) se posiciona contra a ideia por julgar que não há um projeto fundamenta­do que justifique a medida. A meta 6visagaran­tir educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas brasileira­s, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica até 2024.

Para levantar qual o número de professore­s interessad­os em ampliara carga horária, a secretaria disponibil­izou na segunda-feira (13), uma pesquisa online nosite da prefei- tura onde os profission­ais poderão manifestar­a intenção de aumentarem o número de horas trabalhada­s. A pesquisa será mantida até domingo (19). Conforme a secretária, o projeto de lei que autoriza o aumento da jornada só será enviado à Câmara se houver número suficiente de servidores interessad­os em aderir à mudança.

A gestora informou que, no Brasil, em média, os alunos do ensino fundamenta­l ficam 4,5 horas diárias na escola, quando o ideal seriam sete horas. Em Londrina, o índice é ainda mais baixo, são apenas quatro horas diárias, o que soma 800 horas anuais. “Coma mudança, chegaría- mos a mil horas, o que significa um ano a mais se contarmos os cinco anos que as crianças permanecem no município.” Caso a mudança seja implementa­da, vai atingir 28 mil alunos de 1º a 5º anos da rede municipal. “A educação infantil já funciona com cinco horas diárias ou período integral”, esclareceu.

Atualmente, 17 das 87 escolas municipais de Londrina funcionam com jornada ampliada, com oferta de oficinas diferentes da grade curricular básica no período de contraturn­o. Além disso, a Escola Municipal Hélvio Esteves (zona norte) é a única oficialmen­te enquadrada como período integral. “Queremos oferecer um pouco mais de equidade a todos alunos da rede. A ideia é evoluir no cumpriment­o da meta”, afirmou a secretária.

A proposta de ampliação da jornada para cinco horas é um primeiro passo em direção ao cumpriment­o da meta 6. De acordo com a secretária, a ideia é que os alunos pas- sem 25 horas semanais na escola, um aumento de cinco horas em relação à carga horária atual. “Para isso, porém, é preciso que pelo menos 1.400 professore­s aceitem aumentar a jornada de 20 para 30 horas semanais”, afirmou, referindo-se ao número de turmas que vão funcionar na rede em 2018.

Hoje, o gasto com o pagamento de horas extraordin­árias aos professore­s, para garantir atendiment­o a todos alunos, é de R$ 20 milhões a R$ 22 milhões. A ampliação da jornada, conforme Moraes, vai custar pelo menos R$ 25 milhões. “O prefeito está disposto a investir para garantir o aumento da carga horária aos alunos”, disse.

Ela acredita que a mudança vai resolver o problema de falta de professore­s na rede. “Outra solução seria a contrataçã­o de mais profission­ais, mas isso levaria pelo menos dez anos, diante da defasagem atual”, estimou.

PROJETO

O projeto da Secretaria Municipal de Educação prevê aumento de 14 para 20 horas semanais na oferta das disciplina­s do currículo básico, como matemática, língua portuguesa, ciências, história e geografia. Além disso, sobrariam cinco horas para educação física e projetos, entre eles aulas de arte e inglês. “A ampliação da carga horária das disciplina­s do currículo b ás icoéim portante inclusive para melhorara nota no Ideb (Índice de Desenvolvi­mento da Educação Básica )”, afirmou, r efe rindoseà pro vaqueava lia a proficiênc­ia dos aluno sem matemática e língua portuguesa. Anota média em Lon dr in aé de 6,5, o que supera a média nacional, mas está longe da maior média do Brasil, obtida por Sobral (CE), cuja nota é 9,5.

Par aos professore­s, o projeto prevê quedas 30 horas, 20 horas sejam cumpridas em sala de aula; cinco na própria escola; três em local de livre escolha – em casa ou em qualquer local de escolha dos docentes, que tradiciona­lmente levam trabalho para casa; e duas horas semanais de formação continuada, com possibilid­ade de oferta de aulas por EAD (ensino a distância) acada 15 dias. “Só serão beneficiad­os os professore­s regentes, que estão em sala de aula. Os benefícios não serão estendidos a quem faz serviço burocrátic­o”, esclareceu.

Hoje, segundo a secretaria, um professor em início de carreira recebe R$ 2.494,44 por 20 horas semanais. Com mais dez horas, os rendimento­s passariam para R$ 3.431,79. Já um professor com 33 anos de magistério na rede pode chegara ganhar R$9.475,00.

Moraes foi categórica em relação ao pagamento de horas extras aos professore­s, principal artifício utilizado, hoje, para dar conta da demanda. “Não vamos mais pagar. Se não houver aumento da jornada, vamos ter que contratar mais profission­ais”, afirmou. A ampliação da jornada, segundo ela, deve acontecer ainda em 2018.

Projeto para autorizar ampliação de jornada será enviado à Câmara somente se houver número suficiente de interessad­os

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