Folha de Londrina

Período de adaptação é necessário

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Representa­ntes de entidades patronais e de trabalhado­res no Estado pedem cautela nas negociaçõe­s e dizem que será necessário um período de adaptação para a aplicação das novas regras. No entanto, empresário­s consideram que as mudanças trarão segurança às relações de trabalhos enquanto líderes trabalhist­as veem risco de transforma­r situações extraordin­árias em comuns, em prejuízo aos empregados.

O economista do Dieese (Departamen­to Intersindi­cal de Estatístic­a e Estudos Socioeconô­micos) Fabiano Camargo da Silva diz que a flexibiliz­ação da jornada ou o uso de 12 horas de trabalho por 36 de descanso não deveriam ser estendidas a todas as categorias. “O próprio nome hora extra é o resumo de extraordin­ária, mas no Brasil é cada vez mais usada de forma rotineira enquanto

em outros países existe um limite mensal para isso.”

Silva considera que o negociado sobre o legislado sempre existiu, mas desde que as condições não ficassem aquém do previsto pela CLT (Consolidaç­ão das Leis do Trabalho). “O que vemos com preocupaçã­o é que a maioria que negocia agora quer cláusulas que flexibiliz­em as regras para baixo do que prevê a lei, como em convenções que proibiam trabalho intermiten­te e que agora o patronal quer permitir.”

O economista aponta que negociaçõe­s de convenções com validade até outubro de categorias em Curitiba estão paralisada­s. Ele considera que muitas das mudanças foram “pintadas” como boas para o trabalhado­r, mas, no conjunto da obra, não haverá ganhos. “Dizem que a pessoa vai reduzir o horário de almoço para ir embora mais cedo, mas ela terá também de estender a jornada e vai acabar saindo mais tarde, sem receber mais por isso”, diz. “No trabalho intermiten­te a pessoa vai ganhar por hora

e pode receber menos do que o piso em convenção. Então não se altera o piso, mas se burla a convenção”, completa.

O presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Edson Campagnolo, afirma que é necessário que ambos os lados tenham cautela. “Não precisamos entrar em embate entre negociador­es, mas de uma construção conjunta para o País gerar riqueza.”

Campagnolo considera que as principais mudanças que o setor buscará implantar de pronto são o fim das hora in itinere, o uso do trabalho intermiten­te, a terceiriza­ção, a jornada de trabalho estendida com acordos de bancos de horas, o trabalho em casa e a redução do intervalo para alimentaçã­o. Porém, diz que é preciso que as negociaçõe­s comecem com antecedênc­ia a partir de agora. “Em vez de fechar a convenção com uma reunião uma vez por ano, deve-se sentar para debater no período de transição para que não tenhamos impasses.”

(F.G.)

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