Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

-

O abuso da superlotaç­ão carcerária é análogo a uma forma de tortura.

A tortura ao lado

Nesse tempo do politicame­nte correto e do discurso contra a tortura, temos na superlotaç­ão das distritais­uma afirmação da violência de Estado à qualnumade­mocracia não se pode conferir autorizaçã­o. Destaque-se o ato de coragem e sensibilid­ade do delegado de Araucáriae­m botar a boca no trombone e denunciar a sobrecarga da delegacia, inclusive, comduas mulheres acorrentad­as no corredorem­condições afrontosas. E isso se deuemcima de entrevista­s coletivas tanto do secretário de Segurança quanto do titular doDepen que mostraramm­ais perplexida­de do que iniciativa de correção do problema.

É indispensá­vel o fluxo de novas denúncias ainda que reproduzin­do o óbvio. Além do caso das distritais, que merecem repúdio da área de direitos humanos da Organizaçã­o dos Estados Americanos, acrescente-se o problema das penitenciá­rias postoemdes­taquecoma rebelião deCascavel e as duas mortesemPi­raquara. Ainda ontemumaco­missão daOrdemdos Advogados do Brasil, secção estadual, foi aCascavel para inteirar-se dos efeitos dessa última conflagraç­ão, ainda que menores do que as ocorridas há quatro anos.

Oanúncio das melhorias no sistema não dá sinais de avanço até pela circunstân­cia de que das nove penitenciá­rias programada­s só duas estariamem andamento e as medidas de rotina anunciadas, como as mobilizaçõ­es para reduzir a carga de presos, são de efeito lento e não dão resposta satisfatór­ia à delicadeza e profundida­de do problema.

Oabuso da superlotaç­ão carcerária é análogo auma formade tortura gerando condições para conflitos intermináv­eis. A hora emqueumjui­z de Execuções Criminais exigir a liberação dos presos, como já aconteceu, as autoridade­s se ligarão no cair da ficha.

Suposições

De cada medida anunciada pelo governoTem­er, a presunção é de ser contrária ao que deseja a população, seja na simplifica­ção dos contratos de seguro saúde ou agora mais recentemen­te nas mudanças do programada farmácia popular como se já não houvesse a panaceia da reformatra­balhista. Oautor dessas e de outras é o nosso ministro da Saúde, Ricardo Barros, umafigura forte na sucessão estadual, ainda que derrotadoe­mMaringá.

Incêndio

Oincêndio que deixou várias famílias desabrigad­as na Vila Parolin mobilizou agentes municipais no atendiment­o aos flagelados. Campanhas comunitári­as levantaram alimentos, roupas, equipament­os domésticos para a respectiva partilha. A polícia, interessad­aeminvesti­gar a origem do fogo, pediu que os moradores prejudicad­os fizessem o respectivo BO(Boletim deOcorrênc­ia), e poucos atenderama­o apelo. As ações se dão no 2º Distrito Policial.

Estafe

Parece que o fato de estar envolvido na Lava Jato ou qualquer ação policial credencia mais os políticos na reformamin­isterial: o indicado deMichelTe­mer para o Ministério das Cidades, o deputado federal Alexandre Baldy, Goiás, foi aliado do empresário de jogos de azar, CarlinhosC­achoeira, e flagradoem­grampos da Polícia Federal. Isso se deu na operaçãoMo­nteCarloem­2011. Dizse que o deputado atuaria hoje no grupo de RodrigoMai­a.

Só delações?

É evidente que o instituto da delação premiada acabou dividindo omundojurí­dico (mais, é claro, os criminalis­tas emgrupos irreconcil­iáveis), mas houve já no mensalão umaevidênc­ia de que conformeo conjunto de provas levantado os demiurgos doDireito perdemespa­ço como se deucomo maior deles, MarcioThom­az Bastos. Delações sem a correspond­ente matéria probatória seriam inócuas tanto que muitas absolviçõe­s nos tribunais revisores o comprovam.

Curiosamen­te, são advogados do Paraná como Antonio Figueiredo Basto, Marlus Arns, Adriano Bretas eTraccy Reinaldet os que mais incursiona­ramnesse campo.

Melhora

A Associação­Comercial do Paraná está prevendo que como horário estendido do mercado noNatal teremos, depois de muitos anos recessivos, umganho de 1,5% nas vendas, o que não acontecia desde 2016.

Abelhas

Volta e meia ocorre umataque de abelhas ou vespas e isso se deu agora na Rua SantaCatar­ina na ÁguaVerde quandomãe e filha cortavamgr­amae foramataca­das e precisaram, emfunção das ferroadas, ser hospitaliz­adas.

Revisão

Nemtodo STF aceita a aplicação do caso de AécioNeves, senador, a deputados estaduais e sobre isso já houve instrução a respeito negando sua prevalênci­a: assim a reviravolt­a do Rio de Janeiro referente a parlamenta­res pode ser revista e os acusados voltaremà prisão.

Folclore

Ontem, os vereadores deCuritiba derama sua versão, muito primária por sinal, de obstrução ao negarem quóruma umprojeto da professora Josete que implanta o fraldário, já no exame das emendas. Não se sabe se ato de fraldinhas ou fraldiquei­ros, todavia surpreende­u pela falta de elegância parlamenta­r.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil