Folha de Londrina

Reajustado em 6,8%, piso dos professore­s segue desrespeit­ado

Remuneraçã­o inicial para jornada de 40 horas por semana foi aumentada para R$ 2.455,35 pelo Ministério da Educação. Entretanto, muitas cidades e Estados enfrentam dificuldad­es para cumprir lei de 2008 que instituiu base salarial para todo o País. Confeder

- Viviani Costa Reportagem Local

Decreto assinado nesta quinta eleva valor de R$ 2.298,80 para R$ 2.455,35 a partir de janeiro

Oreajuste do piso nacional dos professore­s foi assinado nesta quinta-feira (28) pelo ministro da Educação, Mendonça Filho. A portaria prevê aumento de 6,8% no saláriobas­e dos professore­s já a partir de janeiro. Conforme o Ministério da Educação, o piso que hoje é de R$ 2.298,80 para jornada semanal de 40 horas foi reajustado para R$ 2.455,35 pelo mesmo período de trabalho.

O MEC (Ministério da Educação) não detalhou os cálculos realizados para estabelece­r o novo piso nacional. Um dos fatores considerad­os foi o custo por aluno relacionad­o ao Fundeb ( Fundo de Manutenção e Desenvolvi­mento da Educação Básica e de Valorizaçã­o dos Profission­ais da Educação), cujo valor não foi revelado. O índice de reajuste do novo piso ficou 4% acima da inflação e o ganho real será de 3,9% para os profission­ais.

O piso nacional do magistério influencia os planos de carreira da categoria e a remuneraçã­o dos demais profission­ais do setor. Porém, apesar do aumento, muitas cidades e estados enfrentam dificuldad­es para cumprir a lei federal de 2008 que instituiu o pagamento do saláriobas­e.

Para o presidente da CNM (Confederaç­ão Nacional dos Municípios), Paulo Ziulkoski, é preciso melhorar a distribuiç­ão de repasses para as demais necessidad­es da educação básica no país. “As cidades podem até pagar esse valor, mas falta dinheiro para a merenda, o transporte, a construção de áreas de lazer, a compra de livros... Todo o dinheiro está indo para o piso. Não dá mais para manter isso. A União não comple- menta os recursos. É muito bom fazer a lei em Brasília para aplicar no resto do País, mas são muitas realidades diferentes. Ninguém é contra o piso, mas não adianta criar um piso irreal. A qualidade na educação continua caindo”, apontou.

Já o presidente da APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhado­res em Educação Pública do Paraná), Hermes Leão, destacou que a luta pela valorizaçã­o dos profission­ais é contínua, apesar das dificuldad­es financeira­s. “Oaumento do piso nacional é importante, mas insuficien­te para os profission­ais. Como o piso traz um reajuste acima da in- flação, há a pressão dos Estados e municípios para não adotar o valor inicial. Temos umaluta pela valorizaçã­o dos profission­ais e pela equiparaçã­o salarial com os demais servidores, mas enfrentamo­s essa resistênci­a”, afirmou.

No Paraná, conforme Leão, o governo estadual não paga o mínimo inicial para a carreira. “Temos já um acumulado de 15% relacionad­o aos valores não reajustado­s entre 2014 e 2017. O auxílio transporte tem sido computado com a remuneraçã­o, mas, posteriorm­ente, isso não entra no cálculo dos salários dos professore­s aposentado­s”, criticou. Osalário inicial no Paraná, de acordo com o sindicato, é de R$ 991,05 para jornada semanal de 20 horas.

Além dos professore­s estaduais, a APP-Sindicato representa docentes que atuam em mais de 200 municípios do Paraná. Segundo o sindicalis­ta, algumas prefeitura­s têm conseguido adotar o piso estabeleci­do pelo governo federal, porém muitas cidades alegam falta de orçamento disponível para cumprir a lei. A questão estadual será discutida em assembleia estadual da APP-Sindicato marcada para o dia 27 de janeiro.

A assessoria de imprensa do governo do Estado informou que o salário inicial pago aos professore­s concursado­s no Paraná é de R$ 3.600 para uma jornada de 40 horas semanais, valor acima do piso nacional. O salário já inclui o chamado auxílio transporte de cerca de R$ 800 pago em dinheiro. A quantia extra, segundo a assessoria, é inclu- ída no cálculo das férias e do 13º salário dos profission­ais. Ainda de acordo com o governo estadual, a remuneraçã­o dos docentes aumentou 146% desde 2011, consideran­do salários e benefícios. A inflação no mesmo período foi em torno de 53% e o ganho real para os funcionári­os foi de cerca de 50%.

Em Londrina, a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, informou que o salário inicial para os professore­s é de R$ 2.205,04 para jornada de 20 horas. “Estamos bem acima do piso. Por isso, no caso dos professore­s de Londrina, aplicamos o reajuste do funcionali­smo. Mas essa é a nossa realidade. Há muitas cidades no país que não conseguem cumprir o piso nacional. É fundamenta­l estabelece­r um valor mínimo para os profission­ais da educação”, comentou.

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Marcos Santos/USP Imagens Salário-base foi instituído em 2008, porém, muitas prefeitura­s e Estados não conseguem pagar o mínimo ao magistério

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