Folha de Londrina

Empatia é o segredo para enfrentar o trabalho durante as festas

Quem passa o ano novo trabalhand­o ensina que se colocar no lugar dos outros ajuda a aceitar a rotina

- Carolina Avansini Reportagem Local

Para a maioria, a chegada de um novo ano é celebrada com festas, confratern­izações em família, comida farta, brindes à meia-noite e rituais para trazer bons fluídos. Para quem trabalha em serviços que funcionam 24 horas, porém, a regra das celebraçõe­s nem sempre é válida. Nos hospitais ou na estrada, entre outros exemplos, a passagem para o dia 1 de janeiro será de mais um dia de trabalho. Enfrentar a rotina nos dias de festas não é fácil, mas trabalhado­res acostumado­s à labuta logo no primeiro dia do ano garantem que o segredo para lidar com essa adversidad­e com mais leveza é praticar a empatia. Ao colocarem-se no lugar das pessoas que estão precisando do serviço, eles garantem que fica mais fácil passar as festas trabalhand­o.

Funcionári­o daViação Garcia há 22 anos, o motorista Agnaldo Luiz Domingues conta que o fim do ano é uma época de muita demanda para a empresa, por isso os motoristas estão sempre prontos para viajar, seja no Natal ou no Ano Novo. “É bem provável que eu esteja na estrada na virada do ano. É uma mistura de sentimento­s. Ao mesmo tempo que me sinto triste por estar longe da família, é muito gratifican­te colaborar para unir pessoas que, muitas vezes, estão há muito tempo sem se ver”, diz.

A passagem do ano na estrada é sempre tranquila. “Pelo microfone, aviso que já é meia-noite e os passageiro­s aplaudem. A festa mesmo é quando chegamos ao destino e há o encontro com familiares e amigos”, diz ele, que passou a noite do dia 24 de dezembro com a família mas também trabalhou no dia do Natal. “Sinto falta da companhia das família, mas já me acostumei, alguém tem que trabalhar”, brinca.

Casado e pai de duas meninas, Heloísa, 14, e Victória, de apenas 7 meses, Domingues está apreensivo por passar o primeiro ano novo da caçula longe dela. “É algo novo a se pensar. Mas já sei que, se estiver na escala, vou esperar a próxima folga para comemorar com elas”, garante. A filha mais velha, segundo ele, já está acostumada com as viagens, mas não deixa de sentir falta. “Elas querem a nossa presença, mas estar ausente faz parte da profissão”, diz.

No Hospital Evangélico, muitos funcionári­os vão trabalhar na virada do ano. Apesar do clima ficar diferente por não haver muitas cirurgias eletivas agendadas, as pessoas continuam precisando de antediment­o médico e a demanda não para.

A recepcioni­sta Evelyn Alves de Almeida é uma das es- caladas para o plantão do Ano Novo e garante que já está acostumada. “Todo ano revezamos entre Natal e Ano Novo, mas este ano me dispus a vir nos dois feriados porque vou sair de férias e achei justo dar oportunida­de aos colegas para descansare­m”, conta. Ela é mãe de Thaís, 12, e Guilherme, 4, e conta que ficar longe dos filhos é a pior parte. “O Gui- lherme é autista e não entende minha ausência. Quando chego, é sempre uma festa”, emociona-se.

Os familiares demoraram a aceitar a rotina da recepcioni­sta. “Converso e explico que faz parte do meu trabalho, mas nem sempre há o entendimen­to. Fico dividida, pois sei que os pacientes precisam de mim, mas os filhos também”, relata.

Nos primeiros plantões, ela ficava triste e até chorava, mas depois aprendeu a praticar a empatia. “Me coloco no lugar de quem está hospitaliz­ado e vejo que nosso trabalho é importante para eles”,

“Fico dividida, pois sei que os pacientes precisam de mim, mas os filhos também”

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Marcos Zanutto “Pelo microfone, aviso que já é meia-noite e os passageiro­s aplaudem”, conta o motorista Agnaldo Luiz Domingues
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Gina Mardones Regina Alves dos Santos Aleixo garante que quando escolheu ser enfermeira já sabia que esse tipo de sacrifício seria necessário
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