DETERIORAÇÃO -
Em alguns bairros, centros comunitários são utilizados pelos moradores; em outros locais, porém, imóveis estão abandonados
Antes ocupados com eventos e atividades de moradores da vizinhança, centros comunitários de Londrina são hoje o retrato do abandono. No jardim Jamile Dequech, mato alto e pichações tomam conta do espaço. Comunidades cobram apoio do poder público para manutenção.
Importantes espaços para moradores de diversos bairros londrinenses, os centros comunitários tentam manter sua relevância ao longo dos anos, mesmo em meio a muitas dificuldades. Com a união e dedicação da população vários desses espaços são usados para atividades da comunidade. Em alguns locais, porém, os problemas são tantos com a falta de apoio do poder público, que o uso está cada vez menos recorrente. É o caso do centro comunitário do conjunto Jamile Dequech, na zona sul.
No lugar onde um dia havia um prédio bem cuidado restou uma estrutura repleta de avarias, com telhas e vidros quebrados, sujeira, mato alto, pichações e restos de um parquinho. Quem vê de longe imagina que a casa virou mocó. “Não estão usando para isso ainda, mas está muito feio e abandonado”, relata a agricultura aposentada Esterlina Dias de Oliveira. “E já faz alguns anos que está assim”, acrescenta.
Morando há 25 anos no bairro, ela lamenta a deterioração que vem aumentando dia após dia. O marido dela foi velado no centro. “Como a maioria dos vizinhos se conhecem, os velórios costumam ser feitos aqui, para facilitar a ida das pessoas. Mas está cada vez mais difícil po- der usar. Teve um velório que aconteceu recentemente, que só não choveu onde estava o defunto, porque no restante tinha goteira. Também está sem energia, então à noite a única luz são as das velas.”
Segundo Benedito de Souza, festas costumavam acontecer com frequência no local, o que reunia toda a comunidade. “Agora raramente tem. Está tudo deteriorado e isso nos deixa decepcionados, porque a história do nosso bairro também está ali. É um espaço valoroso. Entretanto, até o parquinho que vivia cheio de crianças se acabou. Só ficou o restante de um escorredor. Falta apoio do poder público”, acredita o servidor aposentado.
BONS EXEMPLOS
Na zona norte da cidade, no jardim Santa Mônica, o centro comunitário é referência para os moradores do bairro e de outras localidades. Formado por uma quadra poliesportiva coberta, campo de futebol, churrasqueira, salão de festas, sala de reuniões com ar-condicionado e lanchonete, o local fica no mesmo terreno que a igreja católica. Com a pintura conservada e totalmente limpo, o espaço é mantido com o dinheiro arrecadado com o aluguel da quadra para times de futebol. São cinco jogos por noite durante a semana, além do aluguel do bar.
A associação de moradores, que reúne cerca de 500 famílias do Santa Mônica e jardim Itália, é a responsável pela administração. Formado há 30 anos, o grupo busca se fortalecer com o tempo para que continue tendo o centro, que foi construído em sua totalidade com verba dos populares. “As reuniões são mensais e dependendo da discussão, são mais corriqueiras. Ter uma estrutura desta no bairro é muito positivo.Londrinajáfoimaisforte no quesito organização da população, então, para nós, é motivo de orgulho”, alegra-se o presidente da associação, o advogado Jorge Custódio.
Além disso, para os moradores do entorno, o fato de ter uma boa sistematização ajuda no bem-estar da popu- lação local, gerando outras melhorias, como na área da segurança. “É um exemplo o que conseguimos fazer aqui. Seria bom se mais pessoas pudessem se organizar e ir em busca de melhorias. Porque só ficar esperando o poder público não vai adiantar”, destacou João Batista, que é empresário. Para o futuro, a meta é a construção de um vestiário, com tudo o que for gasto proveniente de arredação na própria comunidade.
No jardim Bandeirantes, na zona oeste, a UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro divide espaço com o centro comunitário. Formado por um grande salão, com capacidade para cerca de 250 pessoas, e que conta com cozinha e banheiro, a área é o ponto de encontro de muitos moradores, que aos finais de semana participam de bailes para idosos, aniversários e até casamentos.
Vizinha do local há mais de 30 anos, a dona de casa Delnita Zilda Novaes conta que em dois dias de semana são realizadas aulas de ginástica. “É um lugar muito bom para alugar. Tem preço acessível e o pessoal aproveita bastante para eventos familiares. Ajuda até na locomoção, já que fica tudo no bairro. Nos últimos anos recebeu um cuidado especial e está sendo mais utilizado.”