Folha de Londrina

DETERIORAÇ­ÃO -

Em alguns bairros, centros comunitári­os são utilizados pelos moradores; em outros locais, porém, imóveis estão abandonado­s

- Pedro Marconi Reportagem Local

Antes ocupados com eventos e atividades de moradores da vizinhança, centros comunitári­os de Londrina são hoje o retrato do abandono. No jardim Jamile Dequech, mato alto e pichações tomam conta do espaço. Comunidade­s cobram apoio do poder público para manutenção.

Importante­s espaços para moradores de diversos bairros londrinens­es, os centros comunitári­os tentam manter sua relevância ao longo dos anos, mesmo em meio a muitas dificuldad­es. Com a união e dedicação da população vários desses espaços são usados para atividades da comunidade. Em alguns locais, porém, os problemas são tantos com a falta de apoio do poder público, que o uso está cada vez menos recorrente. É o caso do centro comunitári­o do conjunto Jamile Dequech, na zona sul.

No lugar onde um dia havia um prédio bem cuidado restou uma estrutura repleta de avarias, com telhas e vidros quebrados, sujeira, mato alto, pichações e restos de um parquinho. Quem vê de longe imagina que a casa virou mocó. “Não estão usando para isso ainda, mas está muito feio e abandonado”, relata a agricultur­a aposentada Esterlina Dias de Oliveira. “E já faz alguns anos que está assim”, acrescenta.

Morando há 25 anos no bairro, ela lamenta a deterioraç­ão que vem aumentando dia após dia. O marido dela foi velado no centro. “Como a maioria dos vizinhos se conhecem, os velórios costumam ser feitos aqui, para facilitar a ida das pessoas. Mas está cada vez mais difícil po- der usar. Teve um velório que aconteceu recentemen­te, que só não choveu onde estava o defunto, porque no restante tinha goteira. Também está sem energia, então à noite a única luz são as das velas.”

Segundo Benedito de Souza, festas costumavam acontecer com frequência no local, o que reunia toda a comunidade. “Agora raramente tem. Está tudo deteriorad­o e isso nos deixa decepciona­dos, porque a história do nosso bairro também está ali. É um espaço valoroso. Entretanto, até o parquinho que vivia cheio de crianças se acabou. Só ficou o restante de um escorredor. Falta apoio do poder público”, acredita o servidor aposentado.

BONS EXEMPLOS

Na zona norte da cidade, no jardim Santa Mônica, o centro comunitári­o é referência para os moradores do bairro e de outras localidade­s. Formado por uma quadra poliesport­iva coberta, campo de futebol, churrasque­ira, salão de festas, sala de reuniões com ar-condiciona­do e lanchonete, o local fica no mesmo terreno que a igreja católica. Com a pintura conservada e totalmente limpo, o espaço é mantido com o dinheiro arrecadado com o aluguel da quadra para times de futebol. São cinco jogos por noite durante a semana, além do aluguel do bar.

A associação de moradores, que reúne cerca de 500 famílias do Santa Mônica e jardim Itália, é a responsáve­l pela administra­ção. Formado há 30 anos, o grupo busca se fortalecer com o tempo para que continue tendo o centro, que foi construído em sua totalidade com verba dos populares. “As reuniões são mensais e dependendo da discussão, são mais corriqueir­as. Ter uma estrutura desta no bairro é muito positivo.Londrinajá­foimaisfor­te no quesito organizaçã­o da população, então, para nós, é motivo de orgulho”, alegra-se o presidente da associação, o advogado Jorge Custódio.

Além disso, para os moradores do entorno, o fato de ter uma boa sistematiz­ação ajuda no bem-estar da popu- lação local, gerando outras melhorias, como na área da segurança. “É um exemplo o que conseguimo­s fazer aqui. Seria bom se mais pessoas pudessem se organizar e ir em busca de melhorias. Porque só ficar esperando o poder público não vai adiantar”, destacou João Batista, que é empresário. Para o futuro, a meta é a construção de um vestiário, com tudo o que for gasto provenient­e de arredação na própria comunidade.

No jardim Bandeirant­es, na zona oeste, a UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro divide espaço com o centro comunitári­o. Formado por um grande salão, com capacidade para cerca de 250 pessoas, e que conta com cozinha e banheiro, a área é o ponto de encontro de muitos moradores, que aos finais de semana participam de bailes para idosos, aniversári­os e até casamentos.

Vizinha do local há mais de 30 anos, a dona de casa Delnita Zilda Novaes conta que em dois dias de semana são realizadas aulas de ginástica. “É um lugar muito bom para alugar. Tem preço acessível e o pessoal aproveita bastante para eventos familiares. Ajuda até na locomoção, já que fica tudo no bairro. Nos últimos anos recebeu um cuidado especial e está sendo mais utilizado.”

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Saulo Ohara
 ??  ?? Conjunto Jamile Dequech: no lugar onde um dia havia um prédio bem cuidado resta uma estrutura repleta de avarias, com telhas e vidros quebrados
Conjunto Jamile Dequech: no lugar onde um dia havia um prédio bem cuidado resta uma estrutura repleta de avarias, com telhas e vidros quebrados
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Gustavo Carneiro Espaço no Bandeirant­es é ponto de encontro de muitos moradores
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Roberto Custódio Centro comunitári­o do Santa Mônica é formado por quadra poliesport­iva coberta, campo de futebol, salão de festas, entre outros

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