Folha de Londrina

Zelador do triplex do Guarujá pede Lula na cadeia

- Julia Affonso Agência Estado São Paulo

- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem no zelador José Afonso Pinheiro um eleitor arrependid­o. Mais do que isso, Afonso torce para que o petista seja condenado nesta quartafeir­a (24) pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Em abril de 2016, Afonso foi demitido do Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, o prédio onde fica o polêmico triplex.

Meses antes, ele havia prestado depoimento ao Ministério Público de São Paulo e declarou ter visto Lula visitar o apartament­o do andar mais alto do Solaris. Lá em cima, fica o triplex 164-A que a empreiteir­a OAS teria supostamen­te reformado para presentar o ex-presidente.

O Ministério Público Federal acusou Lula pelo suposto recebiment­o de vantagens ilícitas da empreiteir­a OAS por meio do triplex, pelo armazename­nto de bens do acervo presidenci­al, de 2011 a 2016. Moro absolveu Lula desta segunda acusação.

José Afonso Pinheiro foi testemunha de acusação durante a instrução deste processo perante o juiz Sérgio Moro. “Eu espero que a Justiça seja feita. Como ele já foi condenado na primeira, eu espero que ele seja condenado na 2ª instância também”, afirmou o zelador em entrevista. “Como a Justiça é para todos, para todos os homens, para todas as pessoas, igual para todos, espero que ele pague por aquilo que foi feito”, completou.

O zelador, que votou em Lula em 2002, quando o petista se elegeu pela primeira vez presidente, diz que não vai mais digitar o número dele na urna. “Ele teve as oportunida­des dele e deu no que deu”, afirmou.

Leia parte da entrevista de Pinheiro: Quando o sr. foi demitido do triplex? Foi logo depois do depoimento.

O que alegaram para o sr.?

Não alegaram nada, mas já estava tendo muito comentário que logo depois do depoimento, entre os condôminos mesmo lá, que eu ia ser demitido por força do meu depoimento. Como o engenheiro da OAS, na época, já tinha me pedido para não falar que ele ia no apartament­o, que o apartament­o pertencia a ele, depois desse depoimento eu tive um atrito com eles lá, por causa que eu falei no depoimento que ele (Lula) ia lá e que o apartament­o era dele, o pessoal estava falando que eu ia ser demitido.

A OAS pediu que o sr. não dissesse que Lula esteve lá?

Isso, o engenheiro da OAS. Eu falei isso no meu depoimento ao Moro. Eles não queriam que falasse que ele ia lá, que o apartament­o pertencia a ele. Vi (Lula) chegando, vi na unidade, eu estava lá durante a visita dele. Apresentei as áreas comuns para a dona Marisa, ela gostou muito das áreas, piscina, salão de festa. Isso aí acabou gerando a minha demissão. Foi um ato de uma tremenda covardia com um trabalhado­r, por eu ter falado a verdade. Eu fiz o que todo cidadão deveria fazer, falar a verdade.

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