Folha de Londrina

MP afirma que só o Estado pode resolver superlotaç­ão

- Paulo Monteiro Grupo Folha

A titular da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Ibaiti (Norte Pioneiro), promotora Dúnia Serpa Rampazzo, informou que o MP protocolou duas ações civis públicas contra o Estado do Paraná, em 2013 e 2015, julgadas pela Vara da Fazenda Pública de Ibaiti. “A primeira, de 2013, aguarda a análise do reexame necessário, que existe quando é proferida alguma decisão contra a Fazenda Pública. Esta ação foi julgada procedente em primeira instância. A ação visa a condenação do Estado à obrigação de transferir imediatame­nte os presos com condenação definitiva da Cadeia de Ibaiti para as penitenciá­rias.”

A segunda ação, cobra a interdição da Cadeia de Ibaiti, além de impedir a entrada de outros presos. “Ela foi julgada parcialmen­te procedente pelo juízo da Vara da Fazenda Pública de Ibaiti. O juiz acatou alguns pedidos e rejeitou outros, em 2016. A ação foi julgada procedente para a transferên­cia imediata de presos condenados definitiva­mente, tendo sido estabeleci­do, ainda, um prazo de 60 dias para o Estado providenci­ar o encaminham­ento ao Sistema Penitenciá­rio das pessoas que permanecia­m presas no local, sob pena de multa diária de R$ 1 mil, a cada dia de atraso, além das reformas necessária­s na cadeia pública”, diz.

Rampazzo conta que o Estado do Paraná recorreu e o TJ (Tribunal de Justiça) reformou a sentença. “O TJ julgou improceden­te as exigências do Ministério Público, dizendo que a questão penitenciá­ria está sendo resolvida paulatinam­ente pela Central de Vagas, em decisão de outubro de 2017”, lembra.

Segundo a promotora, o Ministério Público não concorda com a decisão e reforça que a Central de Vagas do Sistema Penal não atende à demanda dos pedidos de transferên­cia. “Estamos de mãos atadas. Nos resta aguardar a construção de penitenciá­rias para aliviar a superlotaç­ão da cadeia. Permanecem­os encaminhan­do ofícios denunciand­o a situação, mas dependemos do Poder Executivo (governo estadual). O que o Ministério Público e o Poder Judiciário de primeiro grau poderiam fazer, já foi feito”, acrescenta a promotora. Ela conclui afirmando que o Paraná é um dos únicos estados do Brasil que possui presos condenados e provisório­s em cadeias públicas, que funcionam em prédios de delegacias de polícia.

O juiz da VEP (Vara de Execuções Penais) de Londrina, Katsujo Nakadomari, informou que presta apoio, quando necessário, aos municípios do Norte Pioneiro. Segundo ele, o chefe da Cadeia Pública de Ibaiti “pediu socorro à VEP de Londrina na última semana, solicitand­o a transferên­cia de presos. Ainda estou estudando a relação de presos e pretendo remover para Londrina ao menos dez condenados nesta semana”, adianta o juiz, que não decidiu se os presos serão encaminhad­os para a unidade 1 ou 2 da PEL (Penitenciá­ria Estadual de Londrina). “Mas a nossa situação (de Londrina) também é delicada. Está muito difícil. Somente no último fim de semana, foram 27 flagrantes apenas em Londrina”, explicou Nakadomari.

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