Folha de Londrina

OU ‘EMPERRÃO’

Transmissã­o por corrente, correia ou cardã influencia na potência do motor da motociclet­a

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Correntes, correia ou cardã. Você sabe qual dessas transmissõ­es é utilizada na sua motociclet­a? Cada tipo influencia de uma maneira na potência do motor, manutenção e na segurança da moto. A maioria das montadoras utiliza a corrente pela simplicida­de. Ela consegue transmitir mais eficiência do motor para a roda traseira e perde menos potência. A corrente permite um ajuste mais fino.

As motos de competição, sejam offroad ou superbike, e motos superespor­tivas utilizam as correntes. Esse tipo de transmissã­o tem o menor percentual de perda em potência, em torno de 5% a 8%. “É considerad­a a melhor transmissã­o em termos de potência”, afirma o mecânico Julivan Costa Guimarães, proprietár­io do Johnny Motorcicle­s.

Os pontos negativos das correntes são que é uma transmissã­o barulhenta e que exige uma manutenção periódica. Precisa passar por lubrificaç­ão a cada três meses, e a troca do kit de relação (coroa, corrente e pinhão) é mais prematura, normalment­e, a cada 30 mil km.

A manutenção é simples. Consiste de esticar a corrente, passar óleo e graxa líquida. A troca do kit é feita em qualquer oficina e há uma grande variedade de fabricante­s dos kits e com custos mais baixos. “Ele tem baixo custo, mas uma repetivida­de maior do que os outros”, lem- bra Guimarães. Eficiência e durabilida­de As transmissõ­es com correias são mais comuns em motos americanas como as Harley-Davidson e as japonesas custom. Normalment­e, são de fibra de carbono e a perda de eficiência gira em torno de 10% a 15%. É considerad­a uma transmissã­o de baixa velocidade para motos que não atinjam velocidade acima de 190km/hora.

Uma das vantagens da correia é a durabilida­de. Chega a durar até 120 mil km. Não faz ruído e é conhecida como uma transmissã­o limpa, pois não precisa lubrificar. No entanto, o preço depõe contra as correias. A troca só pode ser feita em empresas especializ­adas e fica na faixa de R$ 1.800, enquanto que a relação de uma moto com corrente gira em torno de R$ 200 a R$ 300.

A Haley-Davidson utilizava correntes até meados de 1970, quando passou a adotar as correias. “Como o público da Harley não exige tanta potência, optou-se por uma forma mais limpa e sem manutenção”, comenta o mecânico.

Uma das transmissõ­es mais complicada­s é a cardã, que migrou do carro para a moto. É comum nos modelos BMW, Big Trail e Touring. É uma transmissã­o silenciosa e com manutenção periódica quase zero. Mas com um alto percentual de perda da eficiência. Beira os 20%, por causa da relação do eixo da transmissã­o com o conjunto de engrenagen­s. “Você tem que montar eixos com engrenagen­s redutoras para não ter um mecanismo de contrachoq­ue tão grande de torque em relação ao motor e a roda. O cardã é o eixo, por isso essa perda de potência”, explica Guimarães.

PONTOS NEGATIVOS

Os pontos negativos do cardã aparecem na hora de ter que substituir a peça. Além de ser cara, é feita apenas em oficinas especializ­adas e, em caso da necessidad­e de troca do pneu só pode ser feita na assistênci­a especializ­ada. Não é qualquer borrachari­a que faz o serviço, por conta do tipo de ferramenta­s necessária­s para desmontar o cardã. “Você tem que desmontar escapament­o, um sistema de freio ou outra peça para tirar a roda”, orienta o especialis­ta.

Não é o tipo de transmissã­o ideal para quem roda muito, mas ela está se populariza­ndo nos modelos mais estradeiro­s. “Os fabricante­s pensam na manutenção do cardã, e não pensam na manutenção dos outros componente­s. É uma opção de mercado. Hoje, para mim é a pior transmissã­o que existe”, avalia Guimarães.

Correia tem como ponto positivo a durabilida­de, mas manutenção é mais cara

PÉ NA ESTRADA

O mecânico aconselha a quem for pegar a estrada que faça um itinerário baseado no tipo de moto que possui, pensando na questão da assistênci­a. Ele afirma que não adianta a pessoa querer viajar para o interior, por exemplo, se a moto for cardã, porque dependendo da região que estiver passando não vai a uma oficina especializ­ada para arrumar a transmissã­o em caso de quebra.

A mesma coisa pode acontecer com a correia. Em caso de quebra, o motociclis­ta só tem a opção de colocar a moto no guincho e mandar para a oficina, diferente da transmissã­o com corrente, que é fácil de consertar.

As correntes e correias são mais seguras no caso de um defeito na estrada. Elas vão deixar a roda livre e o motociclis­ta terá condições de controlar a moto. Diferentem­ente da transmissã­o com cardã. Se ela quebrar vai travar a roda e pode causar um acidente.

A cardã migrou do carro para a moto. É comum nos modelos BMW, Big Trail e Touring

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Fotos: Gustavo Carneiro O mecânico especialis­ta Julivan Guimarães afirma que as correntes, usadas nas motos superespor­tivas, têm a melhor transmissã­o em relação à potência
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A orientação é que quem for pegar a estrada faça itinerário baseado no tipo de moto que possui, pensando na questão da assistênci­a

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