Folha de Londrina

O papel dos pais

É importante que a família participe da formação das crianças envolvendo-se nas atividades e decisões da escola

- Amanda de Santa Especial para a FOLHA

Pai de dois meninos, de 6 e 3 anos, o servidor federal Adilson Muneo Kemotsu não se limita apenas a pagar a mensalidad­e da escola dos filhos. Ele, literalmen­te, põe a mão na massa e participa de perto da vida escolar dos pequenos. As crianças estudam no IEIJ (Instituto de Educação Infantil e Juvenil), que possui uma cooperativ­a de pais e permite que os interessad­os participem ativamente das estratégia­s e processos de decisão da escola. Atualmente, Kemotsu é o vice-presidente da cooperativ­a.

Ele conta que começou a participar da vida escolar dos filhos ajudando na organizaçã­o dos eventos da instituiçã­o. Como demonstrou interesse e disponibil­idade, foi convidado para fazer parte da direção. “Já estive em várias comissões”, afirma. Como o instituto é uma entidade sem fins lucrativos, os pais dos alunos ocupam diferentes funções da diretoria executiva e cuidam do financeiro, gestão e marketing da escola. Já os professore­s ficam responsáve­is pela orientação pedagógica e educaciona­l.

Ao invés de assinar um contrato, os pais associam-se à escola. E isso acaba sendo um incentivo para uma participaç­ão mais ativa na educação das crianças. “Os meus filhos ficam orgulhosos de ver o meu envolvimen­to na escola. A gente cria um vínculo muito maior do que quando apenas os deixamos no portão e os buscamos no fim do dia”, garante. Além disso, Kemotsu cita outras vantagens dessa aproximaçã­o, como a oportunida­de de conferir de perto a metodologi­a de ensino e a avaliação feita com os estudantes.

Segundo ele, a cooperativ­a de pais reúne-se uma vez por semana para discutir uma pauta com diversos assuntos de interesse da escola. Quando há alguma situação emergencia­l, o grupo realiza uma reunião extraordin­ária. Cada pai fica responsáve­l por uma função e possui autonomia para administra­r. “É muito gratifican­te, porque sei que o tempo e a energia gastos são dedicados para melhorar a escola e a educação dos meus filhos”, afirma. Para ele, esse engajament­o contribuir para a formação de valores nas crianças.

O diretor-geral do IEIJ, Marcio Hideo Ara Bueno, lembra que, hoje, está muito mais difícil educar os filhos do que anos atrás. A quantidade de interferên­cias é muito grande e estas não se limitam apenas às novas tecnologia­s, mas também à sobrecarga de trabalho dos pais. “Alguns querem que a escola dê conta de tudo, não importa o custo”, lamenta. Os mesmos, porém, não se envolvem nos assuntos da instituiçã­o. Também há casos de pais que desaprovam ou desautoriz­am procedimen­tos da escola.

Por isso, Bueno reforça a importânci­a da participaç­ão ativa dos pais na vida escolar dos filhos. “Ajuda a criança a ter clareza de que a família participa do processo e não o desautoriz­a”, esclarece. O sistema cooperativ­o do instituto contribui para uma relação mais próxima entre pais, alunos e professore­s. Na avaliação do diretor, para criar uma relação de confiança com a instituiçã­o de ensino é necessário doar tempo para a educação dos filhos.

PROTAGONIS­TAS DA EDUCAÇÃO

A coordenado­ra pedagógica do Centro de Educação Infantil Navegantes, Alessandra Nascimento Peres, especializ­ada em Gestão Escolar e Orientação Familiar, lembra que os pais são os protagonis­tas da educação dos filhos. Afinal, a família é o primeiro núcleo social de referência para o desenvolvi­mento da criança. “É pela família que ela vai conhecer o certo e o errado”, afirma. Ela completa ainda que os princípios inerentes à pessoa humana precisam ser entendidos, trabalhado­s e vivenciado­s em primeiro lugar em casa.

É por isso que os pais devem dedicar atenção especial na escolha da escola. A recomendaç­ão é que optem pela instituiçã­o que responda àquilo que acreditam que seja o melhor para a educação dos seus filhos. “É na educação infantil que se fundamenta­m as bases para o desenvolvi­mento físico, cognitivo e psicológic­o da criança. Por isso, família e escola têm que estar muito alinhadas. Não pode haver discrepânc­ia entre o que a criança vê na escola e o que vivencia na família, senão, ela perde a referência”, explica Peres.

Ela aponta que pesquisas já comprovara­m os benefícios da participaç­ão dos pais na vida escolar dos filhos. As crianças que têm a família mais próxima da escola possuem um desempenho e rendimento superiores. O incentivo e a demonstraç­ão de interesse são fundamenta­is porque as crianças dão importânci­a àquilo que os pais valorizam. É essencial que a família se faça presente nas formações e eventos da escola, conheça a coordenaçã­o, direção e professore­s, doe parte do tempo que possui para contribuir com a instituiçã­o e a educação dos filhos.

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