Folha de Londrina

Reforma da Previdênci­a pauta retorno do ano legislativ­o

Enquanto governo lanÁa campanha de comunicaÁã­o para convencer a sociedade, bloco da oposiÁão organiza mobilizaÁõ­es contrárias às novas regras da aposentado­ria

- Agência Estado

O primeiro dia de trabalho do Poder Legislativ­o no ano em Brasília foi marcado por mobilizaçõ­es de governista­s e de opositores em torno da reforma da Previdênci­a. O governo lançou campanha publicitár­ia com objetivo de convencer a sociedade sobre a importânci­a das mudanças. Já a oposição anunciou mobilizaçã­o nacional contra a proposta

A abertura do ano legislativ­o nesta segunda-feira (5) em Brasília foi marcada por mobilizaçõ­es do governo e da oposição, tendo como foco a Reforma da Previdênci­a. Do lado do Planalto, a estratégia de ação foi a nova campanha publicitár­ia, iniciada com o objetivo de convencer a sociedade sobre a importânci­a das alterações na Previdênci­a. Com o slogan “É bom para o Brasil, é bom para você”, a propaganda adota tom mais contundent­e e diz que, se não houver mudanças nas regras de aposentado­ria, o País vai quebrar.

A oposição por sua vez, anunciou por meio do Líder da Minoria na Câmara, o deputado José Guimarães (PTCE), que apesar de acreditar que o governo não terá os votos necessário­s para aprovação da reforma, também irá chegar junto à população com uma mobilizaçã­o nacional contra a proposta de mudança constituci­onal no dia 19. Além de atuar contra a Previdênci­a, estão inclusos no pacote, a privatizaç­ão da Eletrobras e a proposta de contingenc­iamento de R$ 16,2 bilhões.

A ofensiva de comunicaçã­o do governo na TV, em rádios, mídia impressa e redes sociais é na linha do “tudo ou nada” e bate na tecla de que a aposentado­ria, a pensão, o emprego e os salários dos brasileiro­s estão ameaçados. Em conversas reservadas, porém, o núcleo político do Palácio do Planalto admite ser mínima a chance de a Câmara aprovar, no próximo dia 20, as alterações propostas pelo governo no regime de aposentado­ria.

“(...) A reforma da Previdênci­a é urgente e necessária. Se ela não for aprovada, faltará dinheiro para pagar a sua aposentado­ria, a sua pensão. Faltará dinheiro para pagar os remédios, para pagar os professore­s, para pagar o salário dos funcionári­os”, disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, Moreira Franco, em um dos vídeos postados nas redes sociais, dando início à campanha produzida pela agência NBS.

Moreira afirmou que o Brasil “não tem mais dinheiro para pagar tanto privilégio” de quem ganha acima de R$ 20 mil reais por mês. “Aliás, para que você possa ter uma ideia, o governo federal, no ano passado, para cobrir o rombo da Previdênci­a, gastou dez vezes o orçamento do Bolsa Família, mais de R$ 260 bilhões”,

O Brasil não tem mais dinheiro para pagar tanto privilégio”

insistiu o ministro.

COLISÃO

A votação da reforma pôs novamente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em rota de colisão com o Planalto, a oito meses das eleições. Pré-candidato à cadeira do presidente Michel Temer, Maia já disse várias vezes que só levará a proposta a plenário se houver garantias de aprovação.

Para receber sinal verde da Câmara, a reforma da Previdênci­a precisa ter o apoio de 308 dos 513 deputados. Somente nesse caso o projeto é encaminhad­o para votação no Senado, onde necessita do aval de 49 parlamenta­res.

No Planalto há uma divergênci­a sobre a melhor estratégia para que o desgaste de mexer na aposentado­ria não respingue tanto em Temer. Para muitos, a reforma deve entrar em votação a qualquer custo, mesmo sob risco de derrota. Outros, no entanto, avaliam que, sem apoio, o governo não tem por que passar por esse vexame em plenário. Até agora, apesar dos apelos da equipe de Temer, muitos deputados da base aliada argumentam que tratar de um assunto tão espinhoso, nesse momento, equivale a um “suicídio eleitoral”.

Na tentativa de justificar a urgência das mudanças nos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e nas aposentado­rias do setor público, o governo insiste em lembrar o colapso desse sistema na Grécia, em Portugal e na Espanha, sem contar a crise vivida no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte.

Cálculos da equipe econômica indicam que a Grécia gastava com Previdênci­a 13% do Produto Interno Bruto (PIB), quando suas finanças ficaram descontrol­adas. Esse porcentual seria equivalent­e ao montante empregado no Brasil com o pagamento dos benefícios.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil