Folha de Londrina

Moradores temem epidemia de dengue

Em alguns bairros, quatro de cada dez imóveis vistoriado­s apresentam focos do mosquito transmisso­r da dengue

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Orelatório divulgado pela secretaria de Saúde de Londrina no dia 1 mostra que alguns bairros apresentam um índice altíssimo de infestação do mosquito Aedes aegypti, acima da média registrada no município (12,1%): parque Waldemar Hauer (zona leste), cujo índice está em 46,15%; parque Maria Estela (zona norte), com 41,67%; e o jardim Adriana (zona sul), com 30,43%. Vale ressaltar que o índice tolerado pela OMS (Organizaçã­o Mundial de Saúde) é de 1%. Esses números causaram surpresa aos moradores, que acreditava­m que tudo estava sob controle. A maioria dos entrevista­dos pela reportagem da FOLHA ficou sabendo que havia uma presença alta de focos de mosquito quando receberam recentemen­te a visita de agentes de endemias.

No parque Waldemar Hauer, quatro de cada dez casas apresentam focos de Aedes aegypti. O problema pode estar relacionad­o aos terrenos baldios, onde são descartado­s materiais que acumulam água. O comerciant­e José Marcos Martins relatou que uma agente de endemias foi à sua casa recentemen­te e não encontrou nada. Mesmo assim ele afirma que muita gente descarta lixo nos terrenos baldios que ficam próximos dali, o que pode contribuir para a formação de criadouros do mosquito. “Eu tenho um irmão que já teve dengue e ficou bem depois de fazer o tratamento. Mas esse índice alto preocupa. Eu não sabia que estava assim. Cada um tem que limpar o seu quintal. Deveriam distribuir panfletos, falando sobre os cuidados que devem ser tomados”, destacou Martins.

Antônia da Costa, vizinha do comerciant­e, relatou que sua filha contraiu dengue há três anos e por este motivo se preocupa ainda mais com o aumento de criadouros do mosquito. “O terreno baldio que fica ao lado de casa acumula muito lixo. Minhas janelas precisam ficar fechadas o tempo todo para que os mosquitos não entrem dentro de casa”, relatou.

Quando a reportagem chegou no bairro, a dona de casa Olinda Martins Alves colocava fita adesiva na caixa d’água para evitar focos de Aedes. “A moça da endemias falou que o bairro está infestado. Aqui em casa eu nunca vi um pernilongo”, assegurou Alves, que mesmo assim resolveu se precaver.

No jardim Adriana, a moradora Raquel Carvalho ressaltou que não tinha percebido, mas recentemen­te uma agente de endemias achou larvas de mosquito em sua casa. “Me ausentei por dois dias e quando vi já estava com larva. Eu fiquei chateada, porque sou super cuidadosa. Tenho plan- ta e tenho cachorro e por isso estou sempre fiscalizan­do tudo”, afirmou. Ela destacou que a chuva e o tempo abafado colaborara­m muito para a proliferaç­ão dos focos de mosquito, no entanto acha difícil que uma campanha possa conscienti­zar ainda mais a população. “Mais conscienti­zação do que já está sendo feito é difícil, porque o poder público está fazendo a parte dele. É mais questão de bom-senso, fiscalizaç­ão da própria população. Recentemen­te os moradores da região se mobilizara­m e fizeram a limpeza da praça para evitar insetos, porque aqui tem muita manga. Varremos as calçadas e recolhemos os frutos”, destacou.

A ex-presidente da Associação de Moradores dos jardins Igapó, Adriana e Jurumenha, Maria Madalena Rodrigues ficou incrédula quando soube que o bairro constava entre os mais infestados. “Está faltando bomsenso às pessoas. Tem que fiscalizar mais, ser mais higiênico e ter mais noção do perigo. Na semana passada os agentes passaram em casa, mas o pessoal está ficando largado”, apontou.

CHÁCARAS

No Parque Maria Estela existem muitas chácaras recreativa­s. Um dos problemas é que muitos imóveis ficam fechados por longo tempo e quando eles são utilizados há um acúmulo de garrafas de bebidas jogadas por ali. Segundo a dona de casa Kelly Aguiar, a população dos bairros próximos tem o hábito de descartar lixo nas vias do bairro, que ainda não é asfaltado. “O pessoal joga galhos de árvores, vaso sanitário, sofás velhos, entre ou-

tros entulhos”, destacou.

A moradora ressaltou que a obrigação de eliminar os focos é da população, no entanto, observa que os entulhos mais volumosos são difíceis dos moradores retirarem. Ela tem um filho de quatro anos e disse que fica preocupada com ele. “Eu passo repelente o tempo todo nele e em mim também”, ressaltou.

O pedreiro Rubens Marco de Souza trabalha no local para ampliar uma área de lazer e relatou que no terreno havia vários objetos que acumulam água. “Nós fomos eliminando todos conforme a gente ia passando por eles. Eu desvirava as garrafas que estavam cheias de água”, apontou. Ele explicou que a prefeitura realizou a limpeza do bairro, eliminando vários entulhos que estavam jogados nas vias.

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Fotos: MArcos ZAnutto Parque Waldemar Hauer: problema pode estar relacionad­o ao lixo jogado nos lotes vazios
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No jardim Adriana (zona sul), índice de infestação é de 30,43%

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