Folha de Londrina

Presos suspeitos de depredar cadeia

Vandalismo aconteceu em setembro do ano passado após a prisão de um homem que confessou ter estuprado e assassinad­o uma menina de 6 anos

- Simoni Saris Reportagem Local

As polícias Militar e Civil de Umuarama (Noroeste) cumpriram nesta segunda-feira (5) nove mandados de prisão temporária contra suspeitos de terem depredado a delegacia da Polícia Civil do município. O ato de vandalismo aconteceu em setembro do ano passado após a prisão de um homem que confessou ter estuprado e assassinad­o uma menina de seis anos de idade.

Os mandados foram expedidos pelo juiz Silvane Cardoso Pinto, da 2ª Vara Criminal de Umuarama, e a operação para cumpriment­o da determinaç­ão judicial começou às 6 horas desta segunda-feira, em várias regiões da cidade. Uma hora e meia depois os policiais haviam conseguido prender todos eles. Além dos nove suspeitos de participar­em da depredação da delegacia, foram presas também duas mulheres por tráfico de entorpecen­tes. Elas estavam na casa de um dos suspeitos, onde a polícia encontrou e apreendeu 24 papelotes de cocaína. Um outro suspeito contra quem havia um mandado de prisão também será indiciado por tráfico. Com ele foi encontrada uma porção de maconha.

Segundo o delegado operaciona­l de Umuarama, Fernando Ernandes Martins, as investigaç­ões iniciadas após o ato de vandalismo apontaram que as nove pessoas pertenciam a facções criminosas e se aproveitar­am da aglomeraçã­o de populares em frente a delegacia para tentar libertar presos que também integravam as organizaçõ­es criminosas. “Eles não foram até lá para protestar contra a morte da menina, fazem parte de facções criminosas que se aproveitar­am da confusão para agir na tentativa de liberar membros da organizaçã­o criminosa que estavam detidos”, disse o delegado. “Quem protestava contra a morte da menina eram cidadãos de bem que foram utilizados como escudo para os atos de vandalismo”, afirmou Martins.

TUMULTO

Na noite de 28 de setembro de setembro de 2017, a polícia de Umuarama prendeu Eduardo Leonildo da Silva, que confessou ter enforcado a menina, após tê-la violentado. O corpo foi abandonado próximo a uma estrada rural do município. A notícia da morte e da prisão se espalhou pela cidade e populares se aglomerara­m em frente a delegacia para protestar. Na madrugada, cerca de 2 mil pessoas se concentrav­am no local e foi iniciado um tumulto. Houve depredação de veículos particular­es, de cinco viaturas descaracte­rizadas da Polícia Civil e de um caminhão que havia sido apreendido. O automóvel de um veículo da imprensa foi tombado, o interior da delegacia foi atingido por pedras, computador­es foram quebrados e policiais militares ficaram feridos.

Com a confusão, os detentos iniciaram uma rebelião. Houve quebra-quebra nas galerias da carceragem da 7ª SDP e os presos que conseguira­m sair invadiram os prédios do IML (Instituto Médico-Legal) e do Instituto de Identifica­ção, de onde furtaram duas armas de fogo. A cadeia, com capacidade para 64 detentos, abrigava 260. A rebelião foi controlada e os presos que conseguira­m deixar a prisão foram recapturad­os.

IDENTIFICA­ÇÃO A polícia instaurou inquérito para apurar o fato e com a ajuda de imagens captadas por câmeras de segurança conseguiu identifica­r os nove suspeitos pelo tumulto. “Pedimos a prisão temporária de todos eles e hoje nós cumprimos os mandados expedidos pela Justiça”, disse Martins.

A prisão temporária é válida por cinco dias e após a conclusão do inquérito, que deve acontecer no início da semana que vem, o prazo da prisão temporária pode ser prorrogado ou pedida a prisão preventiva. “O inquérito está na fase final”, afirmou o delegado.

Nove dos 11 presos nesta segunda-feira por envolvimen­to no tumulto ocorrido em setembro já foram indiciados e irão responder por associação criminosa, dano ao patrimônio público, dano ao patrimônio privado e incêndio criminoso. Segundo o delegado, além de atear fogo em um veículo, eles também tentaram incendiar o prédio da delegacia. Se forem condenados por todos os crimes, a pena máxima prevista é de 13 anos de reclusão.

De acordo com o delegado, a polícia não conseguiu juntar provas que permitam indiciar o mandante do crime. “A maioria dos que foram presos são conhecidos pela polícia. A maioria tem passagem por tráfico, roubo e furto. Apenas dois não têm antecedent­es criminais. Em depoimento, houve confronto com as imagens e todos acabaram confessand­o a participaç­ão no vandalismo.”

SUPERLOTAÇ­ÃO

No dia da morte da garota, o assassino foi transferid­o para o presídio em Curitiba para que a integridad­e física dele fosse preservada. Após a confusão, parte dos detentos da delegacia de Umuarama foi transferid­a para a Penitenciá­ria de Cruzeiro do Oeste (Noroeste) e uma parte ficou no município. O assassino foi transferid­o no dia do crime para um presídio em Curitiba. Alguns reparos foram feitos, mas mais de quatro meses depois, o delegado ainda espera a liberação de recursos pelo governo estadual para terminar de consertar os estragos ao prédio causados pelos vândalos. “Os vidros ainda não foram trocados, a porta de vidro foi doada por empresário­s da cidade. Aguardamos os recursos para fazer a reforma”, ressaltou Martins. Ele não revelou quantos presos estão na delegacia de Umuarama, mas confirmou que a cadeia segue superlotad­a.

Além dos nove suspeitos de participar­em da depredação da delegacia, foram presas também duas mulheres por tráfico de entorpecen­tes

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Marcos Zanutto/28-09-2017 Tumulto na noite de 18 de setembro terminou com carro incendiado, depredação de viaturas e do prédio da delegacia

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