Reforma da Previdência
Como era esperado, a reforma da Previdência foi o principal tema desta segunda-feira (5), na sessão da Câmara Federal que abriu o ano legislativo. Em mensagem direcionada a deputados e senadores nessa retomada dos trabalhos, o presidente Michel Temer defendeu a reforma e avaliou que o projeto foi amplamente discutido com os parlamentares e com a sociedade. Defendeu ainda que o governo fez diversos ajustes para tornar as regras de transição mais suaves e argumentou que a população está mais aberta à proposta. Frisou ainda que o atual sistema é financeiramente insustentável, argumentando que em 2017 a Previdência Social registrou deficit de R$ 268,7 bilhões. O presidente pediu que os congressistas coloquem o tema em pauta e aprovem as mudanças na Previdência, tema que vem sendo discutido há um ano no Congresso. Com o fim do recesso parlamentar, as articulações em busca de votos se intensificaram entre aliados e oposição. Uma das estratégias é adiar a votação, que estava prevista para 19 de fevereiro, para a última semana do mês. O relator da reforma, o deputado Arthur Maia, do PPS da Bahia, resumiu a difícil situação do governo: falta voto e também falta tempo. É preciso que a votação se realize ainda em fevereiro, caso contrário, fica difícil levar essa discussão adiante em um ano eleitoral. Por outro lado, nesta segunda-feira, deputados da oposição afirmaram que não vão ceder e anunciaram que estão dispostos a promover uma mobilização nacional contra a proposta. Desde a década de 1990 vem se intensificando o debate sobre a necessidade de mudanças nas regras com o objetivo de diminuir o rombo da Previdência. Pouco se avançou e há agora a oportunidade de se fazer uma reforma mais profunda. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tocou em um ponto importante e que precisa guiar as discussões: a reforma da Previdência é uma questão numérica e não de opinião. Se nada for feito agora, em pouco tempo o país quebra. Ao invés de barganhar por votos e popularidade, os congressistas deveriam, agora, pensar no futuro do Brasil, levando à frente essa discussão com seriedade e assumindo a responsabilidade de promover as mudanças necessárias.