Folha de Londrina

Projeto leva startups de alunos de escolas públicas a incubadora­s

Iniciativa conta com apoio de 20 instituiçõ­es de quatro cidades do Estado e mira participaç­ão de ao menos um estudante do ensino médio de cada colégio estadual de Londrina em 2018

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Quatro meses de aulas, oficinas e trabalhos práticos permitiram que um grupo de alunos do segundo ano do ensino médio público criassem uma startup, que já conta com plano de incubação e aceleração do negócio neste ano, em Londrina. Os precoces estudantes participar­am do Projeto Empreenden­do, que visa estimular a criação negócios, massa crítica e bem-estar social em cada cidade, com a meta ambiciosa de chegar a ao menos um participan­te em cada uma das 70 escolas públicas somente em Londrina neste ano.

Criada em 2012, em Bandeirant­es, a proposta foi estendida para as cidades de Londrina, Cambé e Rolândia em 2017. Mais de 250 jovens já fizeram parte do Projeto Empreenden­do, em encontros aos sábados, com três horas de duração e que oferecem conteúdo ligado ao empreended­orismo e ao desenvolvi­mento pessoal. A iniciativa conta com apoio de 20 instituiçõ­es e patrocínio de universida­des e da agência de desenvolvi­mento Fomento Paraná.

A diretora de expansão do projeto, a empresária Ariana Quelho, afirma que a última edição contou com 50 alunos no total, 26 deles em Londrina. “O objetivo é disseminar o empreended­orismo não apenas para a abertura de empresas, mas para o projeto de vida que esses jovens querem ter, em serem cidadãos melhores”, conta. As disciplina­s foram de planejamen­to estratégic­o a educação financeira pessoal, passando por questões comportame­ntais e técnicas.

Os escolhidos fizeram inscrições e passaram por processos seletivos, mas nem todos terminaram o curso. Os que chegaram ao fim tiveram, além do aprendizad­o e do contato com realidades distintas em palestras de empresário­s de variados setores, de apresentar um plano de negócio para investidor­es, empresário­s e desenvolve­dores de startups. Os melhores receberam prêmios e a proposta de incubar os próprios empreendim­entos, ainda enquanto cursam o último ano do ensino médio. “Todos estavam empolgados na apresentaç­ão e as duas com melhor pontuação serão incubadas e terão mentorias, uma de um grupo de Cambé e outra de Rolândia”, cita Quelho.

Em formatura no Sinduscon-Norte (Sindicato da Indústria da Construção Civil) no último dia 25, em Londrina, os alunos receberam os certificad­os. A primeira colocada entre os projetos foi um aplicativo que simula entrevista­s de emprego, avalia o desempenho e tira dúvidas on-line de candidatos, de um grupo de Cambé. De Rolândia vem a segunda melhor, com uma empresa de divulgação de eventos culturais e de diversão para menores de 18 anos. Todos receberam prêmios como tablets e computador­es, além da incubação das startups na Juntus e da aceleração na Hotmilk. Ainda, a primeira colocada geral do projeto, Jacqueline Cáceres, de Londrina, recebeu uma bolsa de graduação na UniFil, um dos apoiadores do projeto.

INOVAÇÃO

Estudante do Colégio Estadual Maestro Andréa Nuzzi, de Cambé, Monica Adriana Moraes Camargo, de 16 anos, formou com mais três colegas a Simul Vist, startup que simula entrevista­s de emprego. Mesmo com o sucesso na empreitada de montar um negócio, ela diz que somente participar já teria valido a pena. “Conheci muita gente legal, como os facilitado­res Valéria e Miguel, que são incríveis. Também fiz amizades com alunos, aprendi sobre planejamen­to e eu, que nunca achei que era criativa, aprendi a explorar esse lado.”

A ideia para o aplicativo veio de pesquisas informais com familiares e amigos. “Os facilitado­res orientaram que buscássemo­s coisas com as quais as pessoas têm dificuldad­es no dia a dia. Para muitas respostas, como lavar a louça, não podíamos ajudar, mas uma amiga falou sobre as entrevista­s de emprego e pensei em um simulador”, conta Moraes.

A ideia é um assistente virtual, que faça as perguntas mais comuns de acordo com profission­ais de recursos humanos (RH), e dê uma avaliação das respostas do postulante a uma carteira de trabalho assinada. “Ao longo do tempo, desenvolvi mais funcionali­dades, como criar uma comunidade de participan­tes para debates sobre o tema e ter o suporte de uma RH para tirar dúvidas, em horário comercial”, diz a estudante.

Os facilitado­res orientaram que buscássemo­s coisas com as quais as pessoas têm dificuldad­es no dia a dia”

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Anderson Coelho Monica Adriana Moraes Camargo formou com mais três colegas uma startup que simula entrevista­s de emprego

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