Prefeito defende aporte da Copel
O prefeito Marcelo Belinati também defende o fim da exigência de plebiscito para alterar o quadro societário da Sercomtel. Ele confirmou o recebimento do ofício assinado pelas entidades. “Estamos analisando com uma equipe técnica até para saber se a revogação da lei terá uma repercussão positiva junto à Anatel. Teremos uma posição mais definida em alguns dias”, disse.
Pessoalmente, porém, ele defende que uma das soluções possíveis para a crise seria o aporte de recursos por parte da Copel. “O problema da Sercomtel são as dívidas e a falta de capacidade de investimentos em tecnologia. A Copel tem condições para fazer isso: aumentar a receita e tornar a empresa viável. Por isso, defendo que a Copel amplie sua participação societária, caso haja interesse. Mas, para isso, é preciso haver revogação da lei”, observou.
A iniciativa das entidades foi recebida com bons olhos por Belinati. “A participação das entidades é importante nesta discussão”, disse.
Presidente interino da Câmara, o vereador Ailton Nantes (PP) disse que irá discutir o ofício primeiramente com a Mesa Diretora. Posteriormente, ele deverá se reunir com os representantes das entidades. “Estou também analisando as leis e já convoquei uma reunião para deliberar sobre os procedimentos que vamos adotar”, afirmou.
Segundo Nantes, é preciso esclarecer com as entidades se elas estão reivindicando a revogação das leis que tratam do controle acionário da Sercomtel ou apenas da exigência de plebiscito. O vereador disse não ter opinião pessoal sobre eventual venda da operadora.
Ainda que de forma comedida, a atual diretoria da Sercomtel defende a revogação das leis. “Para nós não é surpresa (o ofício das entidades) porque é uma necessidade que está aí. A empresa precisa de mais recursos, de ter um sócio forte para investir”, afirmou o diretor presidente e de Relações com Investidores, Hans Jürgen Müller. Na opinião dele, a própria Copel poderia ser esse “sócio forte”. Mas não descarta um terceiro sócio da iniciativa privada.
Sem os investimentos necessários, estimados entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões, segundo ele, não há solução para a empresa. “Não sobreviveremos sem o aporte”, sentenciou.
Apesar de alegar que não pode expressar sua opinião, a diretora Administrativa, Eloiza Fernandes Pinheiro Abi Antoun declarou à reportagem: “Os empresários que escreveram a carta devem enxergar algo que a sociedade talvez tenha que enxergar também.”
Questionado se há interesse da Copel em fazer investimento na Sercomtel, o presidente respondeu: “Não posso falar pela Copel.” Mas, disse acreditar que a companhia irá tomar sua decisão baseada no relatório da consultoria que encomendou à Ernest Young. Ele acredita que esse relatório estará pronto nos próximos dias.
Sobre os argumentos que utilizaria para convencer a Copel a investir na telefônica, Muller apontou a complementariedade dos negócios das duas empresas. “A Copel Telecom presta serviços de banda larga. Nós oferecemos voz, telefone fixo e móvel, residencial e empresarial, além de banda larga”, declarou, ressaltando que as companhias já atuam juntas em 64 municípios.
Segundo o presidente, os recursos seriam investidos em fibra ótica e telefonia celular, permitindo que a Sercomtel ofereça o serviço 4G, ainda indisponível.
“A empresa precisa de mais recursos, de ter um sócio forte para investir” CONTAS
Sobre as contas da empresa em 2017 – o balanço ainda não foi divulgado – o presidente afirmou que elas estão “menos piores”. “Conseguimos aumentar a receita e diminuir alguns custos.” Mas adiantou que, mesmo assim, o ano terminou “no vermelho”.
De acordo com Muller, o processo aberto pela Anatel que pode cassar a concessão da Sercomtel para atuar em telefonia fixa - está sob análise da Procuradoria da agência. “Depois da avaliação da Procuradoria, deve ir para a área técnica e então voltar ao Conselho para uma definição. O presidente da Anatel me disse que é uma questão de meses”.
Através da assessoria de imprensa, a Copel informou que não vai se manifestar sobre o assunto.