Maquinário em ação
No compasso da colheita
Problemas como estiagem no plantio não tiraram o otimismo dos produtores de soja do Paraná. Colheita começou com expectativa de produção de 19,2 milhões de toneladas. Resultado deve ficar abaixo apenas da safra anterior, que fechou com o recorde histórico de 19,8 milhões de toneladas
Pelo Paraná, as colheitadeiras começam a deixar os barracões. Chegou a hora da verdade para o sojicultor paranaense. Motores ligados e toda a preparação para o início da colheita da soja no Estado, que começou ainda tímida esta semana devido às chuvas. A safra 2017/18 teve de tudo um pouco: estiagem no plantio, precipitações constantes fora de hora, abortamento de vagens e enchimento deficiente de grãos em algumas regiões, além da preocupação com a ferrugem asiática. Mesmo assim, a expectativa dos produtores continua boa e a safra deve atender os anseios das entidades ligadas ao agronegócio.
Com todas as adversidades, não teremos, digamos, uma “safra perfeita” como foi a 16/17. A produção anterior foi a maior da história, com 19,8 milhões de toneladas numa área de 5,2 milhões de hectares. Neste ano, a área teve incremento de 4%, mas até o momento o Deral (Departamento de Economia Rural), da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento), projeta uma produção de 19,2 milhões de toneladas, que está longe de ser um número ruim. O rendimento deve sofrer queda de 6%: de 3.762 quilos por hectare (ha) para 3.523 quilos por ha.
Até o dia 6 de fevereiro, último número divulgado pelo Deral, a área colhida de soja era incipiente, de apenas 17,8 mil ha. De lá para cá o valor sem dúvida subiu, mas apenas na próxima quinta-feira (22) é que será divulgado novo balanço pela entidade. A reportagem da FOLHA, entretanto, se adiantou e conversou com alguns produtores que estão colhendo a oleaginosa na região. Até aqui, se mostram satisfeitos.
O economista do Deral, Marcelo Garrido, não titubeia em dizer que esta é considerada uma safra boa. “São números grandes, que (provavelmente) só ficarão abaixo da safra recorde do ano passado, apesar de todos os problemas enfrentados. O tempo não colaborou, tivemos excesso de dias nublados, mais gastos com a ferrugem, o que fez o custo do produtor aumentar. Teremos uma ideia melhor quando começar a colher (um maior volume)”, explica.
O chefe do Deral, Francisco Carlos Simioni, lembra que ainda está chovendo de forma constante nas regiões Leste e Sul, o que não é interessante agora no estágio final da oleaginosa - momento de colheita. “Ainda está tudo normal e por enquanto não estimamos perda de produtividade”, complementa.
APLICAÇÕES DE FUNGICIDAS
O coordenador do projeto grãos na regional Londrina do Instituto Emater, Ildefonso Hass, relata que a perspectiva é de boa colheita, mesmo com o excesso de chuvas ao longo da safra. “Algumas lavouras em fase de enchimento de grãos sentiram um pouco, o que gerou grãos avariados em regiões pontuais. Mas este problema esteve ligado a um fenômeno fisiológico, e não a doenças.”
Ele relata também que as populações de lagartas e percevejos se mostraram menores, o que reduziu as aplicações de inseticidas. Diferentemente do caso dos fungicidas. “A ferrugem assustou um pouco e muitos produtores fizeram aplicações preventivas. Eu acredito que quem não fez manejo integrado de pragas (MIP) deve ultrapassar as três aplicações na safra.”
Muitos produtores acompanhados pela Emater trabalham com o MIP. Hass explica que de 19 lavouras avaliadas, 30% delas não fizeram nenhum aplicação de fungicida, porque o monitoramento mostrou que não havia esporos para tal necessidade. “A média nas unidades que monitoramos foi de apenas uma aplicação de fungicida. Calculamos, com isso, 10 sacas por hectare de economia.”
MILHO SAFRINHA
O plantio atrasado da soja devido à estiagem fez com que 60% da oleaginosa do Estado fosse plantada em outubro. Agora, a janela para o plantio do milho safrinha encurtou e a safra está bem atrasada. O grande problema é que os produtores não podem plantar fora do zoneamento, pois assim perdem a adesão ao Proagro e aos seguros privados. “O secretário da agricultura encaminhará um ofício ao Mapa para que se analise a possibilidade de prorrogar o zoneamento até o dia 10 de março”, avisa o chefe do Deral, Francisco Carlos Simioni.
São números grandes, que só ficarão abaixo da safra recorde do ano passado, apesar de todos os problemas enfrentados”