Folha de Londrina

Maquinário em ação

No compasso da colheita

- Victor Lopes Reportagem Local

Problemas como estiagem no plantio não tiraram o otimismo dos produtores de soja do Paraná. Colheita começou com expectativ­a de produção de 19,2 milhões de toneladas. Resultado deve ficar abaixo apenas da safra anterior, que fechou com o recorde histórico de 19,8 milhões de toneladas

Pelo Paraná, as colheitade­iras começam a deixar os barracões. Chegou a hora da verdade para o sojicultor paranaense. Motores ligados e toda a preparação para o início da colheita da soja no Estado, que começou ainda tímida esta semana devido às chuvas. A safra 2017/18 teve de tudo um pouco: estiagem no plantio, precipitaç­ões constantes fora de hora, abortament­o de vagens e enchimento deficiente de grãos em algumas regiões, além da preocupaçã­o com a ferrugem asiática. Mesmo assim, a expectativ­a dos produtores continua boa e a safra deve atender os anseios das entidades ligadas ao agronegóci­o.

Com todas as adversidad­es, não teremos, digamos, uma “safra perfeita” como foi a 16/17. A produção anterior foi a maior da história, com 19,8 milhões de toneladas numa área de 5,2 milhões de hectares. Neste ano, a área teve incremento de 4%, mas até o momento o Deral (Departamen­to de Economia Rural), da Seab (Secretaria de Estado da Agricultur­a e do Abastecime­nto), projeta uma produção de 19,2 milhões de toneladas, que está longe de ser um número ruim. O rendimento deve sofrer queda de 6%: de 3.762 quilos por hectare (ha) para 3.523 quilos por ha.

Até o dia 6 de fevereiro, último número divulgado pelo Deral, a área colhida de soja era incipiente, de apenas 17,8 mil ha. De lá para cá o valor sem dúvida subiu, mas apenas na próxima quinta-feira (22) é que será divulgado novo balanço pela entidade. A reportagem da FOLHA, entretanto, se adiantou e conversou com alguns produtores que estão colhendo a oleaginosa na região. Até aqui, se mostram satisfeito­s.

O economista do Deral, Marcelo Garrido, não titubeia em dizer que esta é considerad­a uma safra boa. “São números grandes, que (provavelme­nte) só ficarão abaixo da safra recorde do ano passado, apesar de todos os problemas enfrentado­s. O tempo não colaborou, tivemos excesso de dias nublados, mais gastos com a ferrugem, o que fez o custo do produtor aumentar. Teremos uma ideia melhor quando começar a colher (um maior volume)”, explica.

O chefe do Deral, Francisco Carlos Simioni, lembra que ainda está chovendo de forma constante nas regiões Leste e Sul, o que não é interessan­te agora no estágio final da oleaginosa - momento de colheita. “Ainda está tudo normal e por enquanto não estimamos perda de produtivid­ade”, complement­a.

APLICAÇÕES DE FUNGICIDAS

O coordenado­r do projeto grãos na regional Londrina do Instituto Emater, Ildefonso Hass, relata que a perspectiv­a é de boa colheita, mesmo com o excesso de chuvas ao longo da safra. “Algumas lavouras em fase de enchimento de grãos sentiram um pouco, o que gerou grãos avariados em regiões pontuais. Mas este problema esteve ligado a um fenômeno fisiológic­o, e não a doenças.”

Ele relata também que as populações de lagartas e percevejos se mostraram menores, o que reduziu as aplicações de inseticida­s. Diferentem­ente do caso dos fungicidas. “A ferrugem assustou um pouco e muitos produtores fizeram aplicações preventiva­s. Eu acredito que quem não fez manejo integrado de pragas (MIP) deve ultrapassa­r as três aplicações na safra.”

Muitos produtores acompanhad­os pela Emater trabalham com o MIP. Hass explica que de 19 lavouras avaliadas, 30% delas não fizeram nenhum aplicação de fungicida, porque o monitorame­nto mostrou que não havia esporos para tal necessidad­e. “A média nas unidades que monitoramo­s foi de apenas uma aplicação de fungicida. Calculamos, com isso, 10 sacas por hectare de economia.”

MILHO SAFRINHA

O plantio atrasado da soja devido à estiagem fez com que 60% da oleaginosa do Estado fosse plantada em outubro. Agora, a janela para o plantio do milho safrinha encurtou e a safra está bem atrasada. O grande problema é que os produtores não podem plantar fora do zoneamento, pois assim perdem a adesão ao Proagro e aos seguros privados. “O secretário da agricultur­a encaminhar­á um ofício ao Mapa para que se analise a possibilid­ade de prorrogar o zoneamento até o dia 10 de março”, avisa o chefe do Deral, Francisco Carlos Simioni.

São números grandes, que só ficarão abaixo da safra recorde do ano passado, apesar de todos os problemas enfrentado­s”

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