Folha de Londrina

VIOLÊNCIA URBANA

- Folhapress

Presidente Michel Temer decreta intervençã­o na segurança pública no Rio de Janeiro; previsão é que medida dure até 31 de dezembro

O presidente Michel Temer assinou decreto na sexta-feira (16) determinan­do a intervençã­o na Segurança Pública do Rio de Janeiro. A medida nomeia como intervento­r o general Braga Netto, que comandará em nome das Forças Armadas a atividade de segurança.

A assinatura foi feita antes de discurso que foi transmitid­o ao vivo em rede nacional de TV. Em discurso linhadura o presidente Michel Temer reconheceu que a intervençã­o federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro é uma “medida extrema” e afirmou que não aceitará que “matem o presente” e continuem a “assassinar o futuro”.

No pronunciam­ento no Palácio do Planalto, o presidente disse que o crime organizado “quase tomou conta do Rio de Janeiro”. “[O crime] é uma metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilid­ade do nosso povo. Por isso, acabamos de decretar neste momento a intervençã­o federal na área da segurança pública do Rio de Janeiro”.

A previsão é que a intervençã­o dure até 31 de dezembro, podendo ser cancelada caso a situação da violência se normalize.

Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ ), a medida é um ato difícil, mas necessário. “Hoje é um dia certamente difícil para todos nós cariocas e fluminense­s. Mas a situação sem dúvida nenhuma requer atitudes mais contundent­es”, disse ele, elogiando Temer. “Parabenizo pela sua coragem”

Segundo o Palácio do Planalto, a iniciativa é a primeira do gênero desde que entrou em vigor a atual Constituiç­ão Federal, de 1988.

Na noite desta sexta-feira (16), às 20h25, Temer fez um pronunciam­ento em cadeia nacional para explicar a medida. A decisão de falar em rede nacional faz parte do esforço do presidente de criar uma marca do governo na área da segurança pública.

A aposta do Palácio do Planalto é que ela melhore a imagem do presidente, que hoje enfrenta uma rejeição de 70%, e permita viabilizál­o para uma campanha à reeleição.

Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente da sigla, o decreto tem caráter político para “mudar a pauta do país”, e pode ampliar a “perseguiçã­o e repressão aos movimentos sociais”. “É uma decisão política de mudar a pauta do país. Vendo que não ia aprovar a reforma da Previdênci­a, mudaram a pauta, resolveram fazer a intervençã­o no Rio de Janeiro”, afirmou em discurso no plenário do Senado.

De acordo com ela, “quando se abre essa exceção, se abre também a possibilid­ade de você ter uma situação mais contundent­e de perseguiçã­o e repressão aos movimentos sociais”.

O líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), também afirmou que o decreto tem como objetivo criar uma “cortina de fumaça” sobre a reforma da Previdênci­a. “É na verdade uma grande cortina de fumaça do governo Temer para evitar dizer para a sociedade que foi derrotado na reforma da Previdênci­a”, disse em vídeo.

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder do partido na Casa, afirmou que a orientação da bancada do partido será contra o decreto.

No Senado, Ana Amélia (PP-RS), criticou a impossibil­idade de aprovação de PECs (Proposta de Emenda Constituci­onal) durante o período de intervençã­o. “Como se isso não fosse pouco, aquilo que o próprio governo considera prioridade, que é a reforma da Previdênci­a, fica empacado na Câmara”, disse.

Já na base do governo, parlamenta­res comemorara­m a assinatura do decreto. Segundo o líder do Democratas, Efraim Filho (PB), o decreto está em conformida­de com os “desejos da sociedade”, para quem a pauta da segurança pública é prioritári­a.

[O crime] é uma metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilid­ade do nosso povo’’ CRÍTICAS DA OPOSIÇÃO

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