Fetiche em destaque nos cinemas
Estreia do filme que encerra a trilogia cinematográfica sobre sadomasoquismo atrai mais de um milhão de pessoas nos primeiros dez dias de exibição no Brasil
Aexibição de “Cinquenta Tons de Liberdade”, desfecho da trilogia “Cinquenta Tons de Cinza” (2015) e “Cinquenta Tons Mais Escuros” (2017), domina os cinemas norte-americanos desde sua estreia, no último dia 8 de fevereiro. Somente no primeiro fim de semana de exibição, disponível em 3.678 salas dos Estados Unidos, já acumulou US$ 38,8 milhões de faturamento. No Brasil, a estreia nacional também ocorreu há 10 dias, está em, pelo menos, 1.400 salas de cinema, e também liderou a bilheteria no fim de semana de carnaval. O longa arrecadou R$ 19,2 milhões, com 1,1 milhão de ingressos vendidos. Os dados são da comScore, empresa de monitoramento. Em Londrina, dez salas estão com vários horários disponíveis em cinco cinemas diferentes.
Todos os filmes da trilogia foram baseados nos livros da britânica E. L. James, que contam uma história regada a sexo e fetiches, no qual o prazer caminha ao lado da dor. Dirigido pelo americano James Foley, os números de “Cinquenta Tons de Liberdade” mostram, portanto, que as aventuras sadomasoquistas do bilionário Christian Grey ( Jamie Dornan) e Anastasia Steele (Dakota Johnson) conquistaram e agradaram, mais uma vez, aos fãs. Tanto que as adaptações nas telas grandes indicam que este novo filme tende a seguir o sucesso dos outros também no Brasil. Os dois primeiros longas levaram 11 milhões de pessoas aos cinemas brasileiros e tiveram números expressivos mundialmente.
LIVRO
Se os filmes são sucesso de bilheteria, as obras nas quais foram baseadas não ficam nem um pouco atrás. Quando foi lançado o primeiro da trilogia, “Cinquenta Tons de Cinza” virou um fenômeno e já são mais de 100 milhões de exemplares da trilogia comercializados no mundo todo, segundo sites de literatura. De acordo a Intrínseca, editora que publica os livros no Brasil, a trilogia vendeu (entre livros de papel e eletrônicos), 7 milhões de exemplares no país.
Frente a números tão expressivos de tiragens, sobretudo no Brasil, especialistas em literatura tentam explicar o feito da grande quantidade de vendas no país comparado a outros títulos. Amanda Soares, mestre em literatura pela USP (Universidade de São Paulo), destaca a simplicidade da linguagem usada pela escritora britânica. “O texto não tem muito rebuscamento. E. L. James conta as histórias como se estivesse em uma conversa informal com o leitores. Isso conquista mesmo quem não está acostumado a ler”. Já Marlise Bridi, professora do curso de letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, destaca a escolha do assunto como algo comum a diversos setores da arte. “A temática erótica e o conteúdo sobre relações humanas sempre atraíram a atenção dos artistas”, explica.
JOGO PSICOLÓGICO
Para a universitária Daiane Araújo, de 29 anos, de Londrina, falar dos desejos sexuais das mulheres é o que se destaca nos roteiros dos filmes. “A história é um romance que trata do autoconhecimento, do jogo psicológico, dos desejos de uma mulher e não, propriamente, da exploração ou apelo sexual. Existe muito preconceito em torno do filme e do livro, porém, mais pelo tabu e desconhecimento sobre o tema. Tanto os livros quanto os filmes trouxeram uma discussão importante a respeito dos prazeres femininos”, diz ela que assistiu aos dois primeiros filmes e se prepara para assistir ao último da trilogia. “Há, inclusive, diferenças na ótica entre os filmes, que, no primeiro, é dirigido por uma mulher, e, o segundo, por um homem”.
A estudante M.P.G, de 20 anos, também de Londrina, que leu os três livros e assistiu apenas ao primeiro filme, também compartilha da ideia de que preconceito com o assunto é tão grande que o ‘alarme’ para o livro nem deveria ser tanto. “O livro é menos sadomasoquista do que foi relatado quando ‘estourou’, pois trata mais do lado sexual pleno. Tirando uma ou outra parte dentro dos três livros, nada ali é demais. Acho que é apenas uma forma de sexualizar as relações e atrair um público feminino carente da leitura um pouco mais erotizada. O texto não é nada brilhante, mas a forma com que o romance é construído é intrigante. “Cinquenta Tons” é um romance, com uma trama psicológica que desperta curiosidade, uma cena quente aqui e outra ali, com final digno de Walt Disney, no qual o amor salva e supera tudo”. (Com Folhapress)
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