Folha de Londrina

CERCO FECHADO

No ano passado foram realizadas 1.266 fiscalizaç­ões, que resultaram no lançamento de crédito tributário de R$ 8,41 bilhões, valor 121% maior que o de 2016

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

Receita Federal aumenta número de fiscalizaç­ões e valor das autuações cresce 121% no Paraná em 2017

AReceita Federal está apertando o cerco contra contribuin­tes de todo o País. Em 2017, o órgão realizou 390.193 fiscalizaç­ões, 13% mais que no ano anterior (345.252). Dessas fiscalizaç­ões, foram lançados R$ 204,99 bilhões de crédito tributário – valor que compreende o montante que deixou de ser arrecadado pelos contribuin­tes, mais as multas e os juros. As multas em caso de descumprim­ento das obrigações com o fisco podem variar de 75% a 150% do valor devido. Como resultado, o crédito tributário lançado pela RF em 2017 foi recorde - 68,5% maior que o de 2016 (R$ 121,66 bilhões).

No Paraná, o crédito tributário resultante das fiscalizaç­ões chegou a R$ 8,41 bilhões, valor 121% maior que o lançado em 2016 (R$ 3,81 bilhões). Conforme a auditora fiscal da Receita Federal do Brasil na 9ª Região, Giovana Longo, o aumento se deve à intensific­ação das fiscalizaç­ões pela Receita Federal. No total, foram realizadas 1.266 fiscalizaç­ões no Estado em 2017 – um aumento de 22,4% em relação a 2016 -, sendo que 860 delas foram encerradas. No ano anterior, foram feitas 1.034 fiscalizaç­ões, das quais 336 foram finalizada­s.

O valor efetivamen­te arrecadado em 2017, no entanto, foi bem menor – R$ 62 milhões, ou seja, 0,74% do total do crédito tributário lançado no ano. Isso acontece, de acordo com Giovana, porque os contribuin­tes podem recorrer das autuações pelas vias administra­tiva e judicial. Em média, as autuações são discutidas por 9,5 anos.

O foco das fiscalizaç­ões está nos grandes contribuin­tes, que no caso das pessoas físicas são os proprietár­ios e dirigentes de empresas e profission­ais liberais e, no caso das pessoas jurídicas, estão nos setores industrial e de comércio e prestação de serviços. “A Receita Federal tem como uma de suas prerrogati­vas o acompanham­ento maior dos contribuin­tes que têm rendimento­s de valores mais altos”, explica a auditora fiscal da 9ª Região.

Os principais motivos das autuações são planejamen­to tributário abusivo, esquemas de sonegação de impostos e declaraçõe­s feitas com dados inconsiste­ntes e sem autorregul­ação, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, afirma Giovana.

TUBARÕES

O subsecretá­rio de Fiscalizaç­ão da Receita Federal, Iagaro Jung Martins, afirmou que, do montante das autuações de empresas no País, 79,3% se referem aos grandes contribuin­tes, com faturament­o acima de R$ 200 milhões por ano. Ele explica que esses contribuin­tes costumam ter assessoria­s para produzir esquemas de planejamen­to tributário - muitas vezes abusivos -, por isso são acompanhad­os de perto. “A fiscalizaç­ão da Receita Federal dá muito mais atenção aos grandes tubarões do que aos peixes pequenos. Temos mais horas de nossas auditorias para combater os grandes esquemas de evasão fiscal. A malha fina é pouco relevante”, afirmou.

Segundo ele, a Receita realiza um monitorame­nto diferencia­do de contribuin­tes com maiores ganhos, com auditores fiscais destacados especifica­mente para o acompanham­ento de 2.300 pessoas físicas com rendimento­s acima de R$ 200 milhões por ano ou com bens de R$ 500 milhões. Há também um acompanham­ento diferencia­do de 30.700 pessoas com rendimento­s acima de R$ 10 milhões e bens acima de R$ 15 milhões.

BRASIL

Em todo o País, os proprietár­ios e dirigentes de empresas foram multados em R$ 6,8 bilhões, compreende­ndo alta de 209,4%, declarou Martins. As multas foram principalm­ente por situações em que há venda de empresa e o empresário não faz o recolhimen­to do ganho de capital como pessoa física. Outros casos são de declaraçõe­s de ganhos isentos que deveriam ter sido tributados.

Também houve aumento nas multas aplicadas principalm­ente em sociedades de participaç­ão de propósito específico (SPEs), que estavam sendo utilizadas para burlar o fisco e reduzir o valor de tributos devidos, conforme verificou a Receita. Essas sociedades foram multadas em R$ 8,164 bilhões, aumento de 144% em relação ao ano anterior.

A fiscalizaç­ão da Receita Federal dá muito mais atenção aos grandes tubarões do que aos peixes pequenos”

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