Folha de Londrina

Formação para manutenção no campo

- Pedro Marconi Reportagem Local

No Paraná, o Sistema Ocepar – que reúne três sociedades ligadas às cooperativ­as – trabalha na formação, promoção social, desenvolvi­mento e capacitaçã­o dos moradores do campo, em especial os jovens e mulheres. Para esta qualificaç­ão é levada em conta a caracterís­tica de cada região e a cooperativ­a, além da faixa etária para qual se destina.

“Quando falamos no público jovem são questões que envolvem a liderança e oratória quando inicia o trabalho. Já quando está desenvolve­ndo há muito tempo, as formações são voltadas para a administra­ção”, explica Cristina Moreira, analista da Gerência de Desenvolvi­mento Cooperativ­ista do Ocepar. “O jovem quer continuar no campo, pois está vendo que o progresso não está somente na cidade. O acesso ao conteúdo mudou e os treinament­os motivam. Atualmente eles se sentem motivados e têm orgulho de serem agricultor­es”, aponta. Além disso, segundo a analista, o ensino para liderança tem conseguido a garantia para a sucessão e, por consequênc­ia, a continuaçã­o do cooperativ­ismo.

“No caso das mulheres, muitas estão se desenvolve­ndo na área técnica e já temos registros de guias do campo especiais para a mulher”, acrescenta. De acordo com Cristina Moreira, a partir dessas iniciativa­s o perfil de atuação na mulher no meio rural está se transforma­ndo, com um novo tipo de engajament­o. “Por um longo tempo a mulher foi vista como aquela que tinha que ficar em casa e não poderia se envolver. Muitas, quando o esposo falecia e não tinham filhos, assumiam sem entender nada e acabavam arrendando o terreno. Então, se viu esta necessidad­e de dar capacitaçã­o e foram descoberta­s habilidade­s, que estão fazendo a administra­ção da propriedad­e ser compartilh­ada com elas”, destaca.

As formações são ministrada­s nas cooperativ­as por instrutore­s ou consultore­s contratado­s, que tenham habilitaçã­o, e pelos capacitado­res do próprio sistema. A responsabi­lidade para novas práticas também é compartilh­ada com os participan­tes.

Se por um lado muitas pessoas ligadas ao campo encontrem oportunida­des com essas atividades, por outro ainda existem aquelas que, sem a organizaçã­o por meio de cooperativ­as, enfrentam dificuldad­es. Há uma década trabalhand­o em uma granja, Vanuza Gonçalves Goulart, 39, que mora no distrito de São Luiz, zona rural de Londrina, não pensa em se mudar, apesar dos desafios. “Nasci e me criei no campo. Como não tenho estudo, não vejo perspectiv­a de melhorar a vida na cidade. Já meu filho pensa em sair daqui. Falta maior incentivo e valorizaçã­o, pois somos humildes, mas trabalhado­res.”

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