Formação para manutenção no campo
No Paraná, o Sistema Ocepar – que reúne três sociedades ligadas às cooperativas – trabalha na formação, promoção social, desenvolvimento e capacitação dos moradores do campo, em especial os jovens e mulheres. Para esta qualificação é levada em conta a característica de cada região e a cooperativa, além da faixa etária para qual se destina.
“Quando falamos no público jovem são questões que envolvem a liderança e oratória quando inicia o trabalho. Já quando está desenvolvendo há muito tempo, as formações são voltadas para a administração”, explica Cristina Moreira, analista da Gerência de Desenvolvimento Cooperativista do Ocepar. “O jovem quer continuar no campo, pois está vendo que o progresso não está somente na cidade. O acesso ao conteúdo mudou e os treinamentos motivam. Atualmente eles se sentem motivados e têm orgulho de serem agricultores”, aponta. Além disso, segundo a analista, o ensino para liderança tem conseguido a garantia para a sucessão e, por consequência, a continuação do cooperativismo.
“No caso das mulheres, muitas estão se desenvolvendo na área técnica e já temos registros de guias do campo especiais para a mulher”, acrescenta. De acordo com Cristina Moreira, a partir dessas iniciativas o perfil de atuação na mulher no meio rural está se transformando, com um novo tipo de engajamento. “Por um longo tempo a mulher foi vista como aquela que tinha que ficar em casa e não poderia se envolver. Muitas, quando o esposo falecia e não tinham filhos, assumiam sem entender nada e acabavam arrendando o terreno. Então, se viu esta necessidade de dar capacitação e foram descobertas habilidades, que estão fazendo a administração da propriedade ser compartilhada com elas”, destaca.
As formações são ministradas nas cooperativas por instrutores ou consultores contratados, que tenham habilitação, e pelos capacitadores do próprio sistema. A responsabilidade para novas práticas também é compartilhada com os participantes.
Se por um lado muitas pessoas ligadas ao campo encontrem oportunidades com essas atividades, por outro ainda existem aquelas que, sem a organização por meio de cooperativas, enfrentam dificuldades. Há uma década trabalhando em uma granja, Vanuza Gonçalves Goulart, 39, que mora no distrito de São Luiz, zona rural de Londrina, não pensa em se mudar, apesar dos desafios. “Nasci e me criei no campo. Como não tenho estudo, não vejo perspectiva de melhorar a vida na cidade. Já meu filho pensa em sair daqui. Falta maior incentivo e valorização, pois somos humildes, mas trabalhadores.”