Folha de Londrina

‘Foram para o tudo e acabaram no nada’

Ex-jornalista da FOLHA conta que vascaínos desdenhara­m do Londrina antes da derrota por 2 a 0

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Ojornalist­a Isnard Cordeiro, que trabalhava na FOLHA na época, foi ao jogo e relata que a imprensa carioca dava como certa a vitória do Vasco. Ele lembra que, de onde estava no estádio, a visão que tinha do público se assemelhav­a à de um formigueir­o, tamanho o número de pessoas presentes. “Era uma festa com muitas bandeiras. E como gritavam! Eles estavam certos de que estariam nas semifinais. Ticelestes nha gente em cima de marquises, e outros lugares de onde se podia ver o jogo estavam todos tomados. Nas arquibanca­das, onde cabia uma pessoa havia duas. Era o jogo do tudo ou nada. Eles foram para o tudo e acabaram no nada”, ironiza.

“O Vasco precisava ganhar por dois gols de diferença, porque só assim conseguiri­a os três pontos para se classifica­r para as semifinais, segundo o regulament­o da época. O Londrina tinha praticamen­te ‘limpado’ o grupo e, se ganhasse do Vasco, que era o último jogo antes das semifinais, estaria entre os quatro melhores times do Brasil”, relembra o jornalista.

Cordeiro ficou posicionad­o ao lado dos camarotes dos dirigentes do Vasco da Gama e pôde observar de perto as mudanças de humor no decorrer da partida. “Eles começaram a tirar sarro dos jogadores do LEC. Falavam que o Dirceu tinha uma bunda enorme para jogar como lateral. E o Dirceu arrebentou naquele jogo”, relata.

Cordeiro destaca que, depois do primeiro gol do Londrina, alguns diretores do Vasco disseram que o desempenho do LEC era fogo de palha. “Mesmo perdendo de 1 a 0, continuara­m tirando sarro”, afirma o jornalista. Porém, como o gol do Vasco não saía, o nervosismo começou a tomar conta do público. “Com o passar do tempo, começaram a sentir certa preocupaçã­o. O diretor do Vasco que estava ao meu lado ficou quietão”, destaca. O desempenho do goleiro Mauro também foi decisivo para alimentar a insatisfaç­ão dos torcedores vascaínos. “Ali não passava nem pensamento. O Maurão jogou muito bem!”, enfatiza.

Mesmo depois dos gols do Londrina, os torcedores alvi- permanecer­am quietos. “Se alguém falasse alguma coisa, corria o risco de apanhar. O silêncio foi total, comparável ao momento em que o Ghiggia fez o gol na final entre Brasil e Uruguai na Copa de 1950”, enfatiza Cordeiro.

Ao final da partida, tensão e ânimos alterados. “O Londrina foi provocado e os vascaínos brigaram entre eles. Muita gente quis defender um ou outro jogador e aí veio a confusão toda. A gente teve que esperar aquilo passar para poder sair do estádio”, descreve o jornalista.

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