Hotéis para sonhar
A londrinense Sonia Sahão lança livro com a seleção de 20 dos hotéis mais especiais em que se hospedou
Advogada por formação, mas com vasta experiência no ramo hoteleiro, Sonia Sahão é uma mulher no mínimo, peculiar. Apaixonada por viagens, curiosa – como ela mesma se define -, Sahão confessa que há muitos anos não tira fotografias dos locais que visita. Viaja sempre com uma mala de mão, onde leva o essencial e tem por objetivo viajar sem mala alguma. Também é avessa à tecnologia e usa o smartphone para funções básicas. E foi à mão que ela escreveu seu mais recente livro, o quinto de sua carreira.“Hotéis para sonhar” é uma deliciosa seleção de 20 dos mais especiais hotéis em que se hospedou.
Cada um deles foi eleito por um motivo, seja pela cama dos sonhos, pela paisagem, pelos jardins. Todos, além do luxo e requinte, têm em comum aquilo que ela considera fundamental em qualquer hotel: o calor humano e o encantamento do cliente.
“Os hotéis são maravilhosos, mas um hotel não precisa ser cinco estrelas para encantar. Você tem que se sentir bem e confortável no local que você escolher, porque quem reina soberano na hotelaria é o cliente. Nós somos servidores. Quem trabalha com hotel, serve o próximo. A hotelaria é o local onde você pratica o que está escrito na Bíblia: servir ao seu próximo com amor, isso é o mais importante. Eu sempre falo que o hotel é como uma orquestra. Você tem que ter um maestro – que é o diretor geral -, e os componentes, cada um desempenhando a sua função harmoniosamente, porque se um falhar, todo o trabalho de uma equipe inteira vai por água abaixo. Existem coisas que eu considero primordiais, como o sorriso espontâneo. Quem trabalha nesse meio saca num instante. É o calor humano que vale, não adianta chegar num hotel maravilhoso e ter um tratamento frio”, ensina.
A ideia para o livro surgiu, segundo ela, durante uma viagem. A intenção era compilar alguns de seus locais favoritos. O projeto teve início em 2002 e foi adiado durante alguns anos, até que foi retomado no ano passado e nasceu na forma de um table book, que será lançado em Londrina no dia 12 de março, na Livraria da Vila. Toda a renda dos livros vendidos em Londrina será revertida para o Hospital do Câncer e a Gruta Mãe da Graça. A obra será lançada também em Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre, sempre com a doação dos valores para instituições locais.
GRATIDÃO E RESPEITO ÀS ORIGENS
Nascida aqui e residindo em São Paulo, Sahão vem sempre à Londrina, cidade que faz questão de divulgar sempre que pode. Sua história se confunde com a da pequena Londres. Neta de Salim Sahão, ela foi batizada durante a inauguração do Sahão Hotel, originalmente chamado São Jorge Hotel, assim nominado em homenagem ao santo que os libaneses veneram e ao Hotel Saint Georges, em Beirute.
“Aqui é a minha terra natal, onde meu avô realizou os sonhos dele. Eu parti daqui, comecei a trabalhar aqui, na Associação Comercial de Londrina, depois entrei para a hotelaria, tomei gosto e continuei. A gratidão é muito importante na sua vida. Londrina é uma cidade pulsante, uma cidade projetada para 20 mil habitantes e (hoje) tem 600 mil. A cidade que mais cresce verticalmente. Eu acho que Londrina é uma minicapital, é uma terra produtiva. Sou bicho do Paraná, talvez seja por isso que eu gosto de divulgar. Você não pode esquecer suas origens. Agradecimento, respeito, gratidão, acho isso bonito. A primeira coisa que eu falo é que sou de Londrina, do Paraná, acho importante isso, faz parte de como eu sou.”
Proprietária de uma empresa de marketing e comunicação que representa alguns dos ícones da hotelaria mundial, Sahão gosta de viajar e faz isso muitas vezes ao ano. Entre seus próximos destinos está a capital do Azerbaijão, Baku. “Eu sempre tive aguçada essa parte de comunicação, gosto de bater papo, acho que na vida a beleza está nisso, descobrir coisas novas, se descobrir. Já fiquei em todos os tipos de hotel e é o carinho que faz parte, aliado sempre com o profissionalismo. Estamos numa época em que não nos comunicamos mais. As pessoas não estão nem lendo o Whatsapp, se colocamos dois assuntos ninguém lê. Está faltando isso, faltando calor humano nas relações e na hotelaria você pratica isso”, destaca.
Autointitulada como prática, ela gosta de viajar com uma mala de mão onde leva tudo que precisa, pois, conforme descreve no livro, “a bagagem é o transtorno de uma viagem feliz”. “Imagina levar aquele transtorno que é uma grande mala e pegar um trem? Imaginou estar atrasada para pegar um voo? Uma vez fui para os Estados Unidos, cheguei com aquela mala daquele tamanho e tive que subir uma escada de 20 e poucos degraus, disse que nunca mais ia levar uma mala na minha vida. Eu levo o que preciso: um blazer, um terninho, um jeans, um vestido preto, uma camisa, um cashmere, um casaco e pronto. Sempre procuro coisas básicas, práticas, que não precisa passar, com cores básicas, coisas que combinam. Você vai inovando, variações sobre o mesmo tema. Ninguém acredita, mas é verdade. E meu sonho é viajar sem nada, mas aí eu tenho que ganhar na mega sena. Eu tenho pouca coisa. Não compro coisas na viagem, não tiro fotografia há mais de 30 anos, guardo na memória. Sou muito antiga na minha maneira de ser. Eu usufruo do lugar que estou. O que faz uma viagem? As suas memórias! A vida é muito curta, você tem que viver, celebrá-la toda hora. Tem que usufruir, celebrar e viver intensamente o momento”, recomenda.