Apostar na construção civil é o melhor caminho para fomentar o emprego
Se há algo inevitável na decretada intervenção no Rio de Janeiro (levemente antecipada desde a criação da polícia pacificadora com a presença de Exército, Marinha, Aeronáutica) será a saída de Michel Temer da obscuridade acentuada pela derrota já prevista do seu projeto mais ambicioso, o da reforma previdenciária. Não estivesse o Rio em estado de anomia pelo nível de corrupção dos seus dirigentes e a narcoguerrilha dando as cartas, haveria de certo setores liberais que se levantariam contra a medida radical, algumas vezes tentada no passado e que sempre contou com a resistência. No pródromo da 1964, forças do janguismo o tentaram contra o governo de Carlos Lacerda.
Como a todos esses feitos se alinharam os decorrentes do flagelo das enchentes, revelando a impotência da autoridade para reorganizar-se, tenta-se substituir o caos implantado por um novo ordenamento que se consolidará com o Ministério da Segurança, uma das aspirações da bancada da bala.
Os testes até aqui no Rio de Janeiro no choque com o crime organizado mostraram que a guerra de movimentos não encontra resposta adequada, sob o ponto de vista de tática e estratégia, pela inexperiência dos nossos soldados, e dá para imaginar o trauma nacional que se seguirá à hipótese de perdas em combate. Evidentemente, todos esses fatores foram levados em conta e mais uma vez colocamos em jogo a força moral dos nossos militares, que sempre tiveram um papel moderador nas crises institucionais. Ocorre que no Rio, mais do que em São Paulo, mesmo depois do massacre do Carandiru que gerou o PCC, há o mesmo tipo de guerra urbana da observada no México e na Colômbia.
De qualquer forma, a resposta foi dada porque a primeira questão essencial a colocar é a do princípio da autoridade, cada vez mais subjugado no processo brasileiro ao da liberdade e do espontaneísmo que esgarça o tecido institucional, o parto da anarquia.