Mais do que janelas, balcão de negócios
Para o professor de ética e filosofia política da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Elve Cenci, a janela partidária nada mais é que uma minirreforma política ou “gambiarra” que não muda majoritariamente o interesse corporativo dos políticos. “As janelas partidárias foram criadas por conveniência. Essa brecha atende muito mais interesses dos deputados do que o fortalecimento dos partidos.”
Na avaliação de Cenci, das 35 siglas partidárias existentes no País, poucas possuem viés ideológico. “São legendas hospedeiras, absolutamente pragmáticas e visam resultados eleitorais.”
Outro fator preponderante nessa eleição está na prerrogativa de foro que os parlamentares que aparecem na lista da Odebrecht não
querem abrir mão. Em abril do ano passado, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, autorizou a abertura de investigação contra 24 senadores e 39 deputados federais, além de ministros do governo Temer e governadores. Todos foram citados nos depoimentos de delação premiada de ex-diretores da empreiteira no âmbito da Operação Lava Jato. “Todos estão lá na gaveta do Supremo.
Cada parlamentar que se coloca nesse horizonte irá avaliar com cautela esse guarda-chuva partidário”, analisa Cenci.
O professor da UEL lembra que a cada período são criadas regras novas para benefício próprio. “Já foi criada a regra que só poderia a migração para partidos novos e então foi criado o PMB (Partido da Mulher Brasileira), que só tinha homens. Ao longo dos anos foram criados vários subterfúgios para burlar a regra”. À época o PMB chegou a ter 15 deputados, na última janela partidária, em março de 2016, a legenda ficou apenas com um representante.
Para o analista político, o eleitor não vê mais legitimidade nesse emaranhado de siglas. “Isso mostra que a maioria dos partidos não são sérios, principalmente pelo esvaziamento ideológico.”
Isso mostra que a maioria dos partidos não são sérios,
principalmente pelo esvaziamento ideológico”