Folha de Londrina

PACIFICAÇíO

Unidades Paraná Seguro foram inspiradas nas Unidades de Polícia Pacificado­ra do Rio e começaram a ser instaladas em 2012 com objetivo de reduzir a violência e aproximar a polícia da comunidade

- José Marcos Lopes Especial para a FOLHA

Inspirado no modelo do Rio de Janeiro, o projeto de instalação de Unidades Paraná Seguro completa cinco anos este mês sem atingir o objetivo de reduzir significat­ivamente os índices de violência em bairros da capital. Em Londrina, base funciona no jardim União da Vitória (foto), na zona sul

Curitiba

- Lançadas em 2012 com o objetivo de combater à criminalid­ade em áreas urbanas, as UPS (Unidades Paraná Seguro) não evoluíram a não ajudaram a reduzir significat­ivamente a violência nas regiões com os maiores índices. Hoje, quase cinco anos após a criação da última unidade, os bairros que receberam as bases continuam com índices elevados de violência.

Inspiradas nas UPPs (Unidades de Polícia Pacificado­ra), do Rio de Janeiro, as UPS começaram a ser instaladas pelo governo estadual em março de 2012. A primeira foi no bairro Uberaba, em Curitiba. A operação envolveu 450 policiais militares e guardas municipais, além de um helicópter­o, cavalaria e cães farejadore­s. Moradores foram revistados e policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão na região.

Na capital, os bairros Parolin, Tatuquara, Sítio Cercado e CIC (Cidade Industrial de Curitiba) também ganharam unidades. A CIC, bairro mais populoso de Curitiba, ganhou cinco unidades — quatro foram instaladas de uma só vez, em julho de 2012.

Em Cascavel, no Oeste, foi criada uma UPS no bairro Jardim Interlagos, em outubro de 2012. Em Londrina, a unidade do Jardim União da Vitória começou a funcionar em dezembro do mesmo ano. As últimas localidade­s a ganharem unidades foram as Vilas Zumbi e Liberdade, em Colombo, e os bairros Guatupê, Cristal e Ipê, em São José dos Pinhais, ambas na Região Metropolit­ana de Curitiba, em junho de 2013.

O projeto liderado do então secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, previa um “congelamen­to” das regiões, com a identifica­ção de pontos de tráfico de drogas e das caracterís­ticas da criminalid­ade em cada área. A ideia era aproximar a polícia da comunidade e firmar parcerias com as prefeitura­s para levar programas sociais a essas regiões. O governo do Paraná criou o programa UPS Cidadania, coordenado pela Secretaria de Estado da Justiça, para “desenvolve­r ações integradas de mobilizaçã­o social” e “ações de caráter socioeconô­mico” nestas áreas.

Em Curitiba, as unidades do Uberaba, Vila Sandra (CIC), Vila Sabará (CIC) e Tatuquara foram transferid­as para construçõe­s de alvenaria (a última mudou de endereço). A UPS Parolin deixou de existir e a região seria atendida pela unidade da Polícia Militar que fica na Praça Afonso Botelho, a cerca de 2 quilômetro­s, mas a informação não foi confirmada. As demais continuam em contêinere­s. No ano passado, a PM alegou que faz patrulhas móveis nessas regiões.

Em Londrina, a base funciona em um contêiner instalado em um terreno cercado por alambrado, à margem da Rodovia João Alves da Rocha Loures, porta de entrada do complexo de sete bairros que foram o jardim União da Vitória (zona sul). Além do União, o efetivo reduzido da UPS ainda atende bairros vizinhos da zona sul.

NÚMEROS

Mais de cinco anos depois de ganhar cinco unidades, a CIC segue como bairro mais violento da capital. No ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), foram registrada­s 71 mortes violentas no bairro (68 homicídios, dois latrocínio­s e um caso de lesão seguida de morte). O Tatuquara foi o segundo mais violento: 33 homicídios ao longo do ano. E o terceiro foi o Sítio Cercado, com 23. De acordo com a Sesp, no entanto, Curitiba teve uma redução de 19% no número de assassinat­os, de 468, em 2016, para 379, em 2017.

Comparando-se apenas os dados relativos ao primeiro trimestre de cada ano, constata-se que houve aumento no número de assassinat­os na CIC. Entre janeiro, fevereiro e março de 2015, segundo a Sesp, foram registrado­s 14 homicídios no bairro; no mesmo período de 2016, foram 16 casos; já no ano passado, o número subiu para 23. Ou seja: em dois anos, o número de assassinat­os no bairro mais populoso de Curitiba aumentou, apesar da presença de cinco Unidades Paraná Seguro.

Bairros que receberam as UPS também estão entre os que têm mais casas arrombadas em Curitiba, segundo a Sesp. Em 2016, o Sítio Cercado liderou as estatístic­as, com 654 ocorrência­s. Em seguida apareceram CIC, com 635, Cajuru, com 464, e Uberaba, com 402.

A reportagem entrou em contato com a Sesp e foi informada que a responsáve­l pelas Unidades Paraná Seguro é a Polícia Militar. Em contato com a Polícia Militar, a assessoria pediu que os questionam­entos fossem enviados por e-mail, mas não respondeu às perguntas e nem enviou um balanço das ações até o fechamento da reportagem.

Mais de cinco anos depois de ganhar cinco unidades, a CIC segue como bairro mais violento da capital

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Celso Felizardo
 ?? Osvaldo Ribeiro/Sesp ?? Na capital, a unidade do bairro Parolin deixou de existir: região é atendida por patrulhas móveis, segundo a PM
Osvaldo Ribeiro/Sesp Na capital, a unidade do bairro Parolin deixou de existir: região é atendida por patrulhas móveis, segundo a PM

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