Folha de Londrina

Investigaç­ão rápida e transparen­te

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Oassassina­to da vereadora Marielle Franco, 38 anos, do PSOL do Rio de Janeiro, chocou todo o Brasil e repercutiu internacio­nalmente. Embora algumas autoridade­s tratem o crime como mais uma tragédia entre tantas outras de um Rio marcado pela violência, é preciso considerar que se trata de uma parlamenta­r no exercício de seu mandato. Nas últimas eleições municipais, Marielle Franco foi eleita com 46 mil votos, uma expressiva votação para quem ocuparia pela primeira vez uma cadeira no legislativ­o, sendo a quinta mais votada. A mulher que nasceu e foi criada na comunidade da Maré levou para a Câmara Municipal as bandeiras dos direitos humanos e o debate sobre o drama dos moradores das favelas. Simbolizav­a a força da mulher negra e forte, que se formou em sociologia com ajuda de bolsa de estudo e fez mestrado em administra­ção pública. Deixou uma filha. Marielle Franco foi assassinad­a na noite de quartafeir­a, por volta das 21h30. O motorista do carro onde a vereadora estava, Anderson Pedro Gomes, também morreu quando um automóvel teria emparelhad­o com o que eles estavam e os ocupantes abriram fogo. Pelo menos cinco tiros teriam atingido a cabeça da parlamenta­r. Os atiradores fugiram em seguida sem levar pertences. Por conta disso, a polícia considera a execução como a principal linha de investigaç­ão. Há poucos dias, a vereadora havia denunciado atos de truculênci­a e violência de integrante­s do 41º Batalhão da Polícia Militar em operações na Favela de Acari. Segundo levantamen­to da Folha de São Paulo, é a unidade da PM que mais mata na Cidade Maravilhos­a. É mais uma voz que se cala pela violência e levando em conta que o crime pode ter tido motivação política, a procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, determinou a instauraçã­o de um procedimen­to para estudar a federaliza­ção da investigaç­ão do assassinat­o. Isso quer dizer que o caso seria apurado por autoridade­s federais e não estaduais. Trata-se de um posicionam­ento importante da procurador­a-geral, pois diante dos sinais de execução, é necessário que a apuração dos fatos seja realizada com agilidade, credibilid­ade e, principalm­ente, transparên­cia.

É mais uma voz que se cala pela violência”

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