Juízes dizem que mobilização não é só por auxílio, mas por valorização da classe
Manifestação se transforma em resposta da categoria ao que considera ameaça à magistratura
- Juízes federais em São Paulo que participam das manifestações organizadas pela classe nesta quinta-feira (15) adotaram o discurso de que a mobilização é para pedir a valorização da categoria e disseram que a manutenção do auxílio-moradia é apenas uma das várias reivindicações.
Inicialmente, o protesto foi visto como uma pressão da classe pela manutenção do benefício.
Lideranças dos magistrados e dos procuradores federais reunidas em uma das sedes do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), na avenida Paulista, evitaram chamar o movimento de paralisação ou de greve, já que, segundo eles, o trabalho não parou.
Quando a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) anunciou o protesto, no dia 1º de março, nota oficial da entidade dizia que os associados haviam decidido “pela realização do movimento com paralisação no próximo dia 15 de março”. Nesta quinta, a entidade disse à reportagem que “mantém o posicionamento de que é paralisação”.
Segundo os porta-vozes na capital paulista, os servidores na roupa com alusão à paralisação, foram ao local e ouviram discursos de sete representantes de organizações de classe.
Entre as associações presentes estavam a Ajufe - principal mobilizadora -, a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT).
As falas criticaram o que é chamado de ameaça à magistratura, resultado do trabalho de juízes que tratam de interesses contrários aos da classe política. Um dos exemplos de retaliação e intimidação, segundo eles, é o projeto de lei que prevê punição a magistrados e integrantes do Ministério Público por abuso de autoridade.
“Nós estamos defendendo a nossa independência funcional, a nossa liberdade de atuação e a nossa dignidade remuneratória”, disse Carlos Delgado, diretor da Ajufe e desembargador do TRF-3. Segundo a associação, há uma defasagem acumulada de mais de 40% no valor do salário de juízes e procuradores nos últimos sete anos.
TRATAMENTO
Membros do movimento defenderam tratamento uniforme para as carreiras jurídicas, já que, segundo eles, outras categorias têm recebido reajustes que não são dados aos juízes federais.
“Não somos contra discutir remuneração de juiz, mas, da forma como ela está colocada hoje, há uma injustiça”, afirmou Bruno César Lorencini, presidente da Associação dos Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Ajufesp).
“Essa mobilização de hoje não é uma defesa de privilégios. Ninguém, nunca, nesta associação de juízes federais, defendeu a existência de privilégios, de salários de marajás. O que nós defendemos é uma remuneração justa e um um Judiciário forte”, disse Lorencini. No Paraná, a mobilização foi apenas parcial. Na Justiça Federal de Curitiba houve expediente normal. Lá, trabalha o juiz Sérgio Moro, que recebe R$ 4.378 do benefício.
do Judiciário se ausentaram do trabalho só no momento do encontro no auditório do tribunal, que durou aproximadamente uma hora e meia, no meio da tarde. Cerca de 150 pessoas, algumas com adesivos
Estamos defendendo nossa liberdade de atuação e a dignidade remuneratória”