Violência afeta exercício da cidadania no Brasil, aponta estudo
Índice de consultoria britânica mediu a participação cidadã em sete países da América; 22 indicadores foram analisados
- A violência perpetrada por atores estatais e não estatais afeta o engajamento popular no Brasil e a percepção da população sobre o exercício da cidadania, revela estudo inédito divulgado nesta quinta-feira (15).
Desenvolvido pela consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit) para o instituto Humanitas360, o Índice de Participação Cidadã das Américas avaliou sete países da região - além do Brasil, foram estudados EUA, Chile, Venezuela, Colômbia, Guatemala e México.
No geral, o estudo aponta que, embora a confiança nas instituições democráticas seja baixa, os níveis de participação popular têm aumentado nas Américas, e a atuação em manifestações e em petições está em seu maior grau nos últimos dez anos.
Para elaboração do índice, foram avaliados três grupos de questões: a existência de condições legais e sociais para a participação cidadã, como essa participação acontece na prática e a percepção da população sobre o exercício da cidadania. Liberdade de expressão, eleições, igualdade de gênero e índices de violência foram alguns dos 22 indicadores analisados.
“Um dos elementos únicos deste estudo, que não tinha sido feito antes, é que ele reúne as questões de empoderamento - se você não se sente empoderado, se você não sente que consegue ter um impacto sobre o governo e a comunidade, isso vai condicionar suas atitudes e suas ações na sociedade civil”, afirma David Humphreys, chefe da EIU para a América Latina.
“Já existindo um índice democracia tão bem feito e tão respeitado, com mais de uma dezena de edições, nós achamos importante ter um índice que mensurasse a participação cidadã nas Américas, já que um sistema e a participação são os dois elementos fundamentais para que existe uma democracia de qualidade”, diz Patrícia Villela Marino, presidente do Humanitas360, referindo-se ao Índice Global da Democracia, também da EIU.
O Brasil aparece em 5º lugar no índice geral, apresentando uma grande distorção entre a existência de leis e
instituições conducentes à participação popular e a percepção da população sobre o engajamento. “É um desequilíbrio pouco saudável”, diz Humphreys.