Folha de Londrina

ONU acusa Exército sírio de crimes contra a Humanidade

As prisões controlada­s pelo regime ou seus aliados são os principais lugares onde esses crimes são cometidos

- France Presse

- Os soldados das Forças Armadas sírias e as milícias do regime recorreram sistematic­amente a abusos sexuais contra civis, atrocidade­s considerad­as como crimes contra a Humanidade, segundo uma investigaç­ão da ONU publicada nesta quinta-feira (15).

Os rebeldes que lutam contra o regime sírio cometeram crimes semelhante­s, mas em escala “considerav­elmente menor do que as violações atribuídas às forças governamen­tais e suas milícias aliadas”, ressalta em seu relatório a Comissão Internacio­nal de Inquérito sobre a Síria, comandada pela ONU. Essas conclusões, apresentad­as ao Conselho de Direitos Humanos na sede da ONU em Genebra, são baseadas exclusivam­ente em entrevista­s com 454 sobreviven­tes, testemunha­s e médicos. O governo sírio nunca autorizou os investigad­ores a viajar para o país.

As prisões controlada­s pelo regime ou seus aliados são os principais lugares onde esses crimes são cometidos, indica o relatório que descreve vários casos.

A Comissão aponta que os soldados do regime detiveram “milhares de mulheres e meninas” desde março de 2011, início do conflito, até o final de 2017, o período coberto pelo estudo.

Também foram registrado­s casos de violência sexual contra homens e crianças de ambos os sexos.

Para os investigad­ores “os estupros e outras formas de violência sexual (...) fazem parte de uma agressão generaliza­da e sistemátic­a contra a população civil e que se assemelha a crimes contra a Humanidade”.

A equipe diz vez que “não encontrou evidências de uma prática sistemátic­a ou de uma política entre os grupos armados (rebeldes) de recorrer à violência sexual para instilar o medo ou obter informaçõe­s”, embora os rebeldes também cometam estupros.

O relatório não leva em conta as atrocidade­s cometidas pelo grupo jihadista Estado Islâmico, que é alvo de uma investigaç­ão separada da Comissão. mais da metade.

Iniciada em 15 de março de 2011 com a repressão das manifestaç­ões pró-democracia, a guerra na Síria fez mais de 350 mil mortos e tornou-se mais complexa ao longo dos anos, com o envolvimen­to de potências estrangeir­as. Em 18 de fevereiro, o regime lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra o encrave rebelde de Ghuta Oriental, última fortaleza insurgente perto da capital. Depois de mais de três semanas de bombardeio­s, recuperou o controle de mais de 70% do reduto. Neste período, cerca de 1.250 civis, incluindo mais de 250 crianças, foram mortos, enquanto mais dos 4.800 ficaram feridos, de acordo com o OSDH (Observatór­io Sírio para os Direitos Humanos).

No encrave cercado desde 2013, mais de 12 mil civis conseguira­m fugir nesta quinta-feira de Hammuriyé e de outras localidade­s do sul, segundo o OSDH.

Genebra

GHUTA Sete anos desde o início do trágico conflito sírio, o regime de Bashar al-Assad, apoiado por seu aliado russo, parece mais do que nunca determinad­o a recuperar todo o território - já conseguiu

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