Folha de Londrina

Casa de apoio do HU em novo endereço

Unidade, que acolhe familiares de pacientes, funciona em um imóvel próximo à rotatória do hospital

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Depois de 39 anos funcionand­o em um imóvel no conjunto do Café, a Casa de Apoio do Hospital Universitá­rio, mantida pela Associação dos Voluntário­s do HU, mudou de endereço. As atividades agora são realizadas em um imóvel alugado, localizado na rua Arlindo Antônio Vieira, 67. O novo espaço está a menos de 100 metros da rotatória do HU. A casa oferece cama, café da manhã, almoço e jantar para acompanhan­tes de pacientes que são de fora de Londrina e não possuem condições de pagar um hotel ou uma pensão.

São pessoas como a dona de casa Madalena Martins Arlindo, 60, que é de Jaguapitã (Região Metropolit­ana de Londrina). O marido dela está há cerca de dois meses internado com problema grave no pulmão. No início, ela vinha todos os dias de ônibus para visitá-lo, mas essa rotina foi tão estressant­e que precisou ser hospitaliz­ada. “Fiquei doente de tanta canseira. Pegava o ônibus de madrugada, ficava o dia inteiro em Londrina e voltava à tardezinha. Percorria 110 km todos os dias de ônibus. E ficava o dia inteiro sem comer, porque não tinha dinheiro”, observou.

Ela contou que, ao ser hospitaliz­ada, a assistênci­a social do HU falou sobre a casa de apoio. “Fui muito bem atendida, graças a Deus. Estou aqui há três semanas. Agora posso estar mais perto do marido e ficou mais sossegada com a alimentaçã­o”, ressaltou. “Sinto como se fosse a casa da gente. Conheci gente de vários lugares. Nesse convívio a gente troca receitas de comida, e um dia uma prepara as refeições, e no outro dia a outra faz. Isso ajuda a diminuir o sofrimento. Além disso, para fazer a visita ao hospital é perto”, apontou.

A doméstica Noêmia Benedita dos Santos, 43, é de Santo Antônio da Platina (Norte Pioneiro) e acompanha o marido que está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HU. “A casa de apoio tem sido muito importante, porque eu não tenho parentes para estes lados. Como é que eu ia ficar sem essa benção?”, destacou, ressaltand­o que é inviável se deslocar todos só dias entre Santo Antônio da Platina e Londrina. “Se não tivesse essa casa de apoio eu estaria dormindo na rua. Estou aqui há dois meses.”

Maria dos Anjos Tavares, 59, trabalha na instituiçã­o há seis anos e diz que a nova sede é melhor. “Ela é grande, acolhe mais pessoas. Lá na casa antiga havia 10 leitos e eles não eram suficiente­s. Havia dias em que chegavam as pessoas e a gente jogava colchão no chão. Hoje, a parte de cima da casa, que é a ala feminina, possui dez camas; e na parte de baixo, que é a dos homens, possui cinco camas.” Ela destacou ainda que o novo endereço facilitou o deslocamen­to entre o hospital e a casa de apoio. “As pessoas se perdiam e ficavam procurando a casa. Não que seja tão difícil, mas para quem é de fora é complicado”, apontou.

DA ARGENTINA

A presidente da Associação dos Voluntário­s do HU, Alexsandra Pereira Balestra, destaca que muitas pessoas atendidas na casa são de locais distantes. “Recentemen­te abrigamos uma menina de oito anos que é da Argentina, que veio com a família a turismo. O pai dela passou mal e ficou hospitaliz­ado. Recentemen­te foi embora uma família de Brasília. Já recebemos várias pessoas de Goiânia também”, apontou, observando que muitos familiares ficam um longo período na instituiçã­o. “Recebemos parentes de pacientes do Centro de Tratamento de Queimados que precisam ficar cinco meses aqui e quando a alta acontece ficamos muito felizes, porque cumprimos nosso papel de cidadãos.”

Segundo Balestra, tudo é uma questão de amor ao próximo. “São pessoas que você nunca mais vai ver, mas estão em Londrina e passando a pior fase da vida delas. Um pouquinho de carinho faz a diferença no tratamento”, destacou.

Ela relata que muitos dos acompanhan­tes dos pacientes chegam à casa de apoio totalmente desprepara­dos. “Muitos moram a sete ou oito horas daqui, mas chegam aqui somente com a roupa do corpo. Nós entregamos escova de dente, pasta de dente, chinelo. Fizemos recentemen­te uma campanha no Facebook para arrecadar chinelos e eles estão sendo úteis”, observou. “Todo mundo que quiser doar móveis, sapatos, alimentos, pode entrar em contato conosco”, apontou.

“Um pouquinho de carinho faz a diferença no tratamento”

(Leia mas na pág.2)

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Fotos: Gina Mardones Na casa são oferecidos cama, café da manhã, almoço e jantar para acompanhan­tes de pacientes
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Noêmia Benedita dos Santos é de Santo Antônio da Platina: “Se não tivesse essa casa eu estaria dormindo na rua”

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