Folha de Londrina

Londrina e Curitiba também fazem vigília pela morte de Marielle

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(Mariana Franco Ramos e Luis Fernando Wiltemburg/ Reportagem Local)

“Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe”?, questionou, no Twitter, a vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), de 38 anos, um dia antes de ela mesma ser assassinad­a com quatro tiros na cabeça, no centro do Rio de Janeiro. A incômoda pergunta foi repetida por milhares de pessoas entre a tarde e a noite de quinta-feira (15), durante as vigílias em favor de Marielle e do motorista Anderson Pedro Gomes, realizadas ao redor do País.

Em Londrina, uma manifestaç­ão denominada “Marielle, presente – ato contra o genocídio do povo preto” foi convocada pela Sociedade de Pretas Elegantes do Brasil, na rotatória das avenidas Juscelino Kubitschec­k e Higienópol­is, no final da tarde desta quinta-feira (15). O protesto foi realizado devido ao assassinat­o da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, militante pelos direitos humanos e que denunciava abusos policiais na comunidade de Acari, na capital carioca. Mas, o jovem Mateus Ferreira Evangelist­a, de 18 anos, morto no fim de semana em Londrina, também foi lembrança forte na manifestaç­ão.

Cerca de 150 pessoas se reuniram no local escolhido pela organizaçã­o para ler poemas sobre Marielle e Mateus, antes de iniciar uma vigília. Velas e vasos de flores foram colocados na guia da rotatória, sem que os manifestan­tes se incomodass­em com o volume de tráfego pesado do local às 18h. Cartazes colados no muro do Colégio Estadual Vicente Rijo e na própria rotatória citavam a vítima carioca.

A manifestaç­ão foi engendrada nesta quinta pela Sociedade de Pretas Elegantes do Brasil, por meio de um evento do Facebook. Atos semelhante­s foram convocados durante todo o dia em várias capitais, incluindo Curitiba, a maioria, por militantes ligados ao Psol, partido da vereadora. Em Londrina, entretanto, não houve ligação direta com as outras manifestaç­ões, porque não há motivação partidária, afirma a porta-voz das organizado­ras Fernanda Silva. “Houve uma unidade em torno do tema”, afirma.

Militante ligada ao movimento negro de Londrina, Jaqueline de Araújo Vieira ressalta que Marielle morreu vítima da violência que ela denunciava, a praticada contra jovens negros. “É uma luta que enfrentamo­s no Brasil e não é de hoje”, diz, recordando que as estatístic­as apontam que um negro morre a cada 21 minutos no País. “Trazendo para uma esfera local, as mortes da da população jovem negra no município são alarmantes. Numa simples verificaçã­o junto às instituiçõ­es de assistênci­a social, a gente descobre que, das mortes dos adolescent­es entre 14 e 29 anos, mais de 70% são negros”, diz.

Jaqueline cita o dado lembrando de Mateus, morto no fim de semana e sob a suspeita de ser vítima de agentes da Guarda Civil Municipal. O londrinens­e foi lembrado em um emocionant­e jogral, comandado por Jaqueline – que chegou a chorar enquanto lia o texto - e repetido por todos os manifestan­tes.

Sobre Marielle, a ativista diz que não foi uma morte qualquer. “É uma morte simbólica. Apagar uma pessoa com cinco tiros na cara, fala muita coisa, na minha opinião.”

CURITIBA

Em Curitiba, o público levou velas, cartazes e flores ao prédio histórico da Universida­de Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade. Apesar de convocado pelo PSOL, partido da vereadora, o ato reuniu militantes de legendas e movimentos sociais diversos, além de estudantes, artistas e homens e mulheres em geral. A homenagem começou por volta das 18h30 e terminaria pouco mais de duas horas depois.

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Gustavo Carneiro Em Londrina, manifestan­tes lembraram também a morte do jovem Mateus Evangelist­a

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